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Acessibilidade Universal

14 de dezembro de 2015

Acessibilidade é um tema que tem estado muito em voga. No entanto, será que temos discutido este assunto na amplitude que deveríamos? Será que temos abordado os aspectos necessários nos projetos? Será que a legislação vigente atende às demandas reais? Eu diria que não.

Muito se fala sobre rampas, corrimãos e banheiros acessíveis. Mas é preciso ir muito além disso. Quanto mais nos aprofundamos nas soluções arquitetônicas visando a acessibilidade, mais percebemos o quanto o tema é abrangente. Arquitetura acessível inclui fluxos urbanos contínuos, liberdade de ir e vir, facilidade de acessos e conforto e bem-estar em todos os ambientes – sejam eles internos, externos ou urbanos.

Eu, particularmente, defendo a “Acessibilidade Universal”, que nada mais é que se pensar a cidade e os edifícios para todos. Todos mesmo! Não basta nos limitarmos à pensar nos indivíduos conhecidos como “portadores de necessidades especiais”. Todos precisamos circular, caminhar, estar, entrar e sair dos lugares com conforto e segurança. 

Devemos assim, lembrar das mães com carrinhos de bebê, dos idosos, das pessoas com mobilidade reduzida temporariamente – seja por acidente, tratamento de saúde ou outros – das grávidas e obesos (que precisam de mais espaço), das pessoas com baixa visão, dificuldades de locomoção etc. Muito provavelmente ainda me esqueci de algum grupo. 

É imprescindível garantir pisos planos e contínuos, desníveis vencidos por suaves rampas, pisos podotáteis para indicar os fluxos e obstáculos como postes, telefones públicos, lixeiras etc.

Quem nunca caminhou pela via de automóveis por impossibilidade de continuar na calçada? Nossos passeios de pedestres são totalmente irregulares, desconexos, cheios de interferências indevidas.

Fiz uma experiência recentemente na cidade em que moro e numa caminhada de 600 metros, precisei andar pela avenida por diversas vezes, encontrei muitas calçadas com os pisos quebrados, estreitamentos, postes e árvores que não permitiam o transito de duas pessoas no mesmo local, e buracos, muitos buracos.

Não entendo por que ainda não temos um plano diretor que regulamente nossas áreas públicas com eficácia. Há legislação, porém ainda muito superficial e falha.

As calçadas ainda são entendidas como elementos decorativos e parte do projeto arquitetônico do lote, quando na verdade, são elementos urbanos, que deveriam ser padronizados e tratados tecnicamente, com funcionalidade e estética que agreguem valor às nossas cidades.

Além disso, grande parte dos profissionais da construção civil pouco conhece das possibilidades arquitetônicas no que se refere à acessibilidade e acabam aplicando somente o que está na norma, sem avaliar criticamente a solução adotada. O mesmo ocorre em reformas feitas sem o projeto de um profissional capacitado, com soluções definidas pelo proprietário do imóvel.

Já é hora de interiorizarmos o conceito de inclusão e acessibilidade universal e o aplicarmos no mais amplo sentido da palavra.