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Mulheres na arquitetura

7 de abril de 2016

O falecimento de Zaha Hadid no mês da mulher vem nos lembrar a importância das mulheres na arquitetura brasileira e mundial.

Como na maioria das profissões, ainda temos nítida desigualdade entre os gêneros. Niemeyer, Le Corbusier, Frank Lloyd Wright são nomes icônicos no cenário mundial da arquitetura, sem falar ainda dos contemporâneos Paulo Mendes da Rocha, Ruy Othake, MB, Isay Weinfeld, entre outros. E nós mulheres? Onde estamos?

Segundo pesquisa recente do site Archdaily, o Brasil possui hoje 100 mil arquitetos exercendo a profissão e, curiosamente, representamos 61% do total de profissionais em atividade no país, contra 39% de homens. Essa é uma tendência que vem crescendo ao longo das últimas décadas. Observando-se a faixa etária dos profissionais, percebe-se que a predominância feminina é maior entre arquitetos mais jovens. Se entre os profissionais com idades entre 41 e 50 anos as mulheres são pouco mais que a metade (57,4%), entre os 20 e 25 a anos essa taxa é de 78,3%. Os homens são maioria apenas na faixa acima de 61 anos, na qual eles são 71% do total. 

Acredito que no cenário atual, a discrição das mulheres se deva ao fato se atuarmos mais na arquitetura de interiores do que nos projetos de grande porte. A feminilidade naturalmente nos dá habilidades específicas e um olhar apurado para detalhes que poucos homens percebem, nos tornando muito eficazes nos projetos de interiores, que exigem estas qualidades. Temos na atualidade grandes nomes nesta área – como Fernanda Marques, Debora Aguiar, Camila Matarazzo, Bya Barros, Jóia Bergamo – mas somos citadas em publicações muito especializadas. Quando se fala em “nomes da arquitetura”, os homens ainda lideram as listas mundiais e nacionais. De acordo com a pesquisa citada, a tendência é que nas próximas décadas, a visibilidade feminina seja consideravelmente aumentada em todas as áreas da arquitetura.

Não estou dizendo que nós mulheres não temos talento para os projetos arquitetônicos de pequeno ou grande porte. Aí estão Zaha Hadid, Lina Bo Bardi, Rosa Klias para provar o contrário. Ocorre que com tantas profissionais mulheres no mercado e com pouca demanda para obras grandiosas, atingimos também um nicho de maior demanda – o de projetos de interiores e ambientação – impactando poeticamente com nossos traços os lares, a vida e o dia a dia de muitos.

Eu, particularmente, me enquadro neste perfil e o faço com muito prazer. Amo projetar o dia a dia dos meus clientes com cuidado, carinho, dedicação e perfeccionismo. Nada como visitar os locais projetados após algum tempo e ter a satisfação de ver tudo funcionando perfeitamente, conforme pensado, maturado e planejado.