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Cultura de Risco no Brasil

1 de julho de 2020

No Brasil, a cultura do Seguro e a
Proteção contra os Riscos ainda está muito distante dos Mercados desenvolvidos,
mesmo com uma história de que data de 1808 junto com a vinda da Família Real Portuguesa
ao Brasil e com ela a criação da primeira seguradora nacional a “Companhia de 
Seguros BOA-FÉ”.

Ele, o
Seguro, ainda desperta desconhecimento da importância e relevância da atividade,
bem como dos benefícios que pode trazer para cidadão e, por que não dizer,
total da desconfiança no seu verdadeiro objetivo. Fácil constatar, basta
analisar a participação desse nicho no PIB – Produto Interno Bruto, singelos
8%, refletindo claramente a gigante massa de negócios e pessoas que nunca
tiveram nenhuma oportunidade ou oferta de um produto de Risco e o tamanho do
mercado ainda a ser explorado.

Cumpre
registrar que não existe nenhum enfoque na escola de base sobre proteção à
vida, à saúde, aos bens, sobre a administração financeira no que se refere a
incerteza provocada pelas intemperes que poderão acontecer na vida adulta desse
cidadão, que absolutamente nada entende da importância da proteção.

Se
olharmos outros Mercados, o Seguro está diretamente ligada ao cotidiano da
população.

Nos
EUA, o cidadão é preocupado em sua rotina diária e até mesmo obrigado a possuir
Seguro para exercer sua profissão, a exemplo do Seguro de Responsabilidade
Civil, que é o seu principal ramo de consumo, que nada mais nada menos é que
“proteger um terceiro contra possíveis danos que possa ocasionar em sua rotina”.
Uma apólice de Seguro pode amparar situações como um dano acidental provocado
por uma criança jogando bola que atinja um veículo ou um animal ao fugir morda
a um vizinho, ou até mesmo um ato de Negligência, Imprudência ou Imperícia de
um médico possa gerar uma lesão a um paciente, ou um contador em sua escrita
para uma empresa. O fato é que lá as pessoas cuidam para não serem pegas de
surpresa por um erro cometido e tenham que responder judicialmente. Aí é que
entra o seguro, no caso de ter que indenizar tal fato.

Na
Inglaterra, berço do Seguro da Antiguidade e criadora das primeiras normativas
sobre a pauta, os cidadãos presam acima de tudo pela vida, pelo risco de deixar
seus entes queridos sem a sustentação necessária para seguir a jornada com a
menor impacto financeiro possível. Há de convir que, além de conviver com a dor
e passar gerir as finanças, naturalmente provoca desacertos nesse novo
processo. Abastecidos financeiramente por uma indenização de Seguro tudo fica
mais suportável. Lá as pessoas pensam no futuro onde a ausência seja apenas no
campo sentimental, enquanto que a subsistência já esteja garantida.

Nós, em
nossa visão estreita, no máximo trabalhamos muito para pagar o seguro do carro,
pois esse, se não é nosso maior bem, é o único que merece essa atenção.

Somos
um mercado de 212 anos da fundação da primeira empresa no segmento, porém ainda
jovem em conceitos e de pouco conhecimento do que proteger e de como proteger.
Em autocrítica, o mercado ainda está despreparado para tão grande desafio. Os
profissionais precisam entender melhor os riscos, gerar produtos ou pelo menos
forçar a necessidade para que as Cias Seguradoras criem e, principalmente,
ofertar o que verdadeiramente o cliente precisa dentro do seu universo pessoal,
não apenas empurrar garganta abaixo negócios que simplesmente geram comissão e
no final em nada atende a sua expectativa.

Definitivamente,
saímos da Era da Transação para a Era da Relação. Antes, quando se vendia, um
ganhava e o outro perdia; hoje, o bom negócio é o que todos ganham. A falta de
relevância do cliente precisa ser substituída por algo duradouro e o mais
longevo possível, de forma totalmente humanizada, pois, no fim, todos somos
consumidores e queremos o melhor tratamento e atenção. Por outro lado, como
diria o outro “Só quem trabalha de graça é relógio” – e nem ele, pois em algum
momento a pilha precisa ser recarregada –, de maneira justa todo serviço, seja
qual for precisa ser remunerado, e, como tal, a atividade requer que seja também.
Só não podemos querer bater a meta num único negócio ao custo de sangrar o
cliente no limite.

Por fim,
trocar a postura de ser um simples vendedor de papel e passar a ser um
consultor de riscos e proteção para o cliente, estabelecer junto com ele um planejamento
financeiro futuro deveriam ser o objetivo do mercado, onde a incerteza seja
apenas parte de um contexto natural da vida a ser remediado e diminuídos seus
impactos.