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Feito como no século XVIII, tecidos com fios orgânicos e reciclados se destacam no mercado de decoração

26 de novembro de 2018

Ainda que sustentabilidade seja um conceito amplo, de acordo com a última pesquisa do Instituto Akatu, 45% dos consumidores estão motivados a comprar produtos que trazem benefícios diretos como simplificação e conforto às suas vidas.  A tendência slow living, movimento devagar — contrário à aceleração da vida imposta pela tecnologia — vem gerando demanda por produtos verdes, sustentáveis, carregados de histórias de tradição e de memórias para a casa. 

Na Santa Luzia Redes e Decoração, na Paraíba, os tecidos são feitos em teares artesanais e mecânicos. Para se ter uma ideia, o tear mecânico, criado em 1784, é uma das máquinas que definem a Revolução Industrial. E é esta a ferramenta usada na empresa têxtil filiada à Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) e que atua no atacado e varejo no Brasil e exporta para países dos continentes americano, europeu e asiático. 

Da fábrica localizada em São Bento, “capital mundial das redes” surgem peças que são verdadeiros tesouros. Lá os teares manuais receberam o apoio dos teares mecânicos já renegados em outros centros de inovação tecnológica do Sudeste brasileiro. 

No sertão paraibano foi uma revolução. Os teares mecânicos ajudaram a melhorar a produtividade, mas ainda exigem até hoje acabamento artesanal. “Esta adaptação  acabou por trazer visibilidade aos nossos produtos em feiras e eventos de decoração”, explica Armando Dantas, diretor da empresa. 

Tecido semi artesanal produzido com fios ecológicos 

Entre as histórias relacionadas à empresa têxtil, destaca-se Tião, o tecelão Sebastião Gomes Pedrosa, de 57 anos. Um dos funcionários mais antigos da casa desenvolveu o tecido Tambaba cuja técnica pode ser confundida com Jacquard. No entanto, para fazer Jacquard, o  trabalho é facilitado por cartões perfurados — dispositivo montado apenas em tear elétrico. 

O tecido Tambaba tem trama complexa realizada em tear simples o que exige ainda mais capacidade técnica. Entre erros e acertos, o tecelão cumpriu o grande desafio: “O tear mecânico, ao contrário do Jacquard, não foi criado para tantas possibilidades. Por isso, a principal dificuldade foi lidar com tamanhos diferentes nas geometrias que aparecem no relevo. Cada desenho tem um enliçamento e batimento de agulha diferente”, revelou Tião. 

O tecido Tambaba é oferecido ao mercado nos dois tipos de fios: o de algodão colorido orgânico certificado e o de algodão reciclado — desfibrado e recuperado de sobras de indústrias e mesclados à garrafas PET — também recicladas. Ambos não têm tingimento, portanto, geram uma grande economia de água e de energia, além de evitar poluentes. 

A demanda por este tecido pressupõe que está havendo uma tomada de consciência do design agregado à matéria-prima sustentável. “A tendência slow living na decoração faz com que estes consumidores – antes superestimulados pelo consumo –, agora voltem o olhar para a elegância simples”, justifica Dantas. A equipe Santa Luzia Redes e Decoracão comemora o caminho traçado para se tornar referência têxtil em sustentabilidade.