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A moda e as redes sociais

7 de abril de 2016

Em um desfile, a cena é comum: praticamente todos os convidados estão com celulares em punho, fotografando cada detalhe de todos os looks da apresentação, dos mais variados ângulos. As imagens são compartilhadas instantaneamente no Facebook, Twitter, Instagram e Snapchat – essas duas últimas, as redes queridinhas dos fashionistas no momento. Segundos antes da apresentação começar, quando as luzes apagam, a única claridade existente na sala de desfile vem das telas dos telefones e tablets, o que nos faz pensar que hoje os gadgets são tão necessários quanto as roupas para uma apresentação de moda. Será mesmo?

Passada a euforia da descoberta das mídias sociais, as grifes vem descobrindo cada uma  a sua maneira como lidar com a velocidade de transmissão do conteúdo e a democratização da informação trazida por elas. Muitas usam as redes ao seu favor, ampliando seu público alvo e gerando negócio através delas. Grandes eventos e veículos do segmento também usam as redes a seu favor, ampliando a sua audiência. Mas problemas também existem. 

Diferente do que é veiculado pelas mídias tradicionais (como revistas, programas de tv, sites e blogs editados por profissionais da área) onde o conteúdo produzido está em sintonia com as estratégias de branding e comunicação das grifes, o que é postado pelos convidados dos desfiles não passa por filtro nenhum. Daí que interpretações equivocadas e imagens que desfavorecem  as peças, muitas vezes postadas aos milhares em poucos minutos podem gerar ruído na comunicação das marcas com o seu público. Independente disso, o que é postado nas redes sociais após um desfile ou lançamento de coleção é sempre um termômetro importantíssimo que os criadores de moda têm para avaliar o impacto dos produtos no seu público.

A discussão sobre o papel das redes sociais na moda na indústria afashion acontece no mundo inteiro. Segundo o jornal WWD, a marca italiana MSGM, de Massimo Giorgetti, pediu para que os convidados do desfile na última semana de moda em Milão não usassem o Instagram nem outras mídias sociais durante a apresentação. O recado estava impresso nos convites, para evitar os desavisados. Ao WWD, o estilista disse que “é o momento certo de se afastar da superexposição. Tudo sai lá fora imediatamente e em um segundo já parece velho”, disse. Ele também afirmou que a proibição de buyers de lojas e editores de moda de tirar fotos durante o desfile vai fazer com que eles olhem as roupas com os olhos, não através de uma tela, facilitando a conexão com a apresentação e o impacto positivo que é o objetivo do desfile.

A marca francesa Jacquemus também anunciou que não será permitido compartilhar cliques do desfile nas redes sociais. A editora de moda do jornal New York Times  Vanessa Friedman concorda com o posicionamento das grifes, e refletiu na sua coluna sobre o papel do smartphone na indústria da moda. “Desde que são inundados com imagens e transmissões ao vivo dos desfiles, premiações onde as peças são usadas dias após a apresentação, campanhas e propagandas até o momento que vêem as peças nas lojas, os consumidores já acham tudo velho, tedioso e over”, contou. 

Hoje a informação circula em uma velocidade cada vez mais rápida e o desejo pelo consumo segue no mesmo caminho. A necessidade de interação e produção de conteúdo por pessoas comuns também é uma demanda constante. É com esse público que a indústria da moda tenta dialogar e encontrar saídas para continuar relevante. Por enquanto, cada um à sua maneira.