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Remígio e a cultura: no caminho certo

26 de julho de 2016

Sem dúvida, a Rota Cultural Caminhos do Frio exibe a cidade, e disso podem resultar muitos frutos. Infelizmente, nem todos entendem ou conseguem atingir o que o projeto propõe. A cidade de Remígio mostrou, na sua estreia nos Caminhos do Frio, que está adequada a ideia. O que se viu no município foi muita criatividade, ponto chave para lugares com poucos recursos financeiros. O que muitos gestores precisam entender é que valorizar o que é próprio da terra é o segredo para encantar os visitantes. A palavra mágica é criatividade.

Segundo o inglês Charles Landry, autor do conceito de “cidade criativa”, ela é aquela “onde as pessoas podem se expressar e crescer, onde o planejamento é compartilhado. É o pensar a cidade como parte da vida das pessoas”. Foi exatamente o que vimos durante a visita técnica ao município, organizada pelo Sebrae. 

As estrelas de Remígio são seu povo: os artesãos, as crianças, a cultura. Há de se destacar o trabalho de consultoria do Sebrae, estimulando o que o lugar tem na sua essência. No artesanato, as bruxas de pano de Remígio estão fazendo sucesso. Foram vendidas mais de quinhentas no Salão de Artesanato de Campina Grande, diz, com todo orgulho, a presidente da Associação das Mulheres que Brilham, Maria do Socorro Lima. Como não se encantar com as histórias de superação dessas 32 mulheres, agora, todas unidas e animadas, fazendo parte da cadeia produtiva, reacendendo tradições ameaçadas de se perder no tempo.

Outro exemplo impressionante é o da louçeira Vania Santos, que estava vendo a arte de produzir louça de argila se acabar no município, que tem uma das melhores argilas para alta temperatura. Em 2015, ela e seu grupo montou a Tapera, uma casa de taipa no assentamento Oziel Pereira onde exibe seus produtos, feitos numa uma técnica rudimentar totalmente manual. “Hoje tenho orgulho de ser louçeira”,afirma.

Na cidade, o restaurante boutique Traçai atrai os olhares dos turistas. Na decoração, toda à venda, utensílios antigos  misturam-se ao artesanato feito pela própria dona e chef Maria Vila Oliveira. Na cozinha, aberta, as grandes panelas de barro cozinham pratos típicos. 

Outro destaque especial: as crianças que se apresentaram tocando belíssimo repertório nordestino. Parabéns para o Nossa Senhora Musical do Educandário Grupo Aparecida. Entre 09 e 11 anos, já sabem  valorizar o que é seu.

E a nota dez vai para a Casa de Farinha, instalada na Lagoa Parque, bem no meio da festa. Os turistas puderam acompanhar todo o processo de fabricação, desde a raspagem da mandioca até levar a farinha, quentinha, para casa. Sucesso total, que na opinião de todos, deveria ficar para sempre lá.