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Vacinas imunizantes e notícias falsas

30 de junho de 2020

Imaginem as ruborizantes e indignadas
reações, se vivos fossem, dos grandes cientistas e médicos inventores das
vacinas comprovadamente eficazes, de que hoje dispomos, e que são usadas com
êxito em todos os continentes – entre eles, Louis Pasteur (antirrábica); Edward
Jenner (antivariólica); Jonas Salk e Albert Sabin (antipoliomielite) – em
relação à atual proliferação de notícias falsas, veiculadas sobretudo, nas
plataformas digitais, quanto a sequelas que poderiam advir de alguns produtos
biológicos, tais como os que conferem imunidade contra o sarampo, a rubéola e a
caxumba, com os quais estaria relacionado o espectro do autismo, segundo
estudos divulgados em 1998, teoria essa que foi posteriormente desmentida pela
própria revista que a publicou.

Também não é veraz a informação de que a
vacina combinada contra difteria, tétano e coqueluche possa ser causa da
síndrome de morte súbita infantil. Em relação a esta, o que pode ocorrer é que
as imunizações tenham sido feitas em momento no qual os bebês sofriam dessa
patologia, isto é, as mortes pela síndrome são coincidentes à vacinação e
teriam ocorrido mesmo se nenhuma vacina houvesse sido aplicada.

Infelizmente, remanescem, até hoje,
interpretações equivocadas sobre aquela malfadada divulgação, inverdades essas
que continuam a ludibriar os incautos ou a atender a propósitos inconfessáveis
de alguns. A maioria das reações pós-vacinais é pequena e temporária e não vai
além de dor localizada e febre moderada, e as doses aplicadas não trazem
quaisquer danos às crianças. Sobre serem bastante seguras, as imunizações são
absolutamente necessárias, sem negligenciar, é claro, as medidas de higiene e o
suprimento domiciliar de saneamento básico.

Precisamos nos contrapor, vigorosamente, a
esse noticiário tendencioso que já causou significativas abstenções às
campanhas de vacinação, bem como o ressurgimento de epidemias de doenças
infecciosas evitáveis que já haviam sido erradicadas do nosso país. As vacinas
são gratuitas e estão disponíveis em todas as Unidades Básicas de Saúde do
país. Por outro lado, o Governo deve voltar a exigir que as matrículas em
creches e no ensino fundamental só sejam concedidas às crianças vacinadas, em
conformidade as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde.

 Sebastião Aires de Queiroz, pediatra e médico
do trabalho CRM-PB: 475