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“O Nordeste está experimentando uma evolução de mercado que nos dá ainda mais orgulho de sermos brasileiros”

11 de setembro de 2013

Uma aula
de empreendedorismo. Esta é a sensação de quem conversa com Luiza Helena
Trajano, a presidente da rede Magazine Luiza. Viúva, mãe de três
filhos, iniciou suas atividades profissionais na empresa aos 12 anos quando
resolveu abdicar das férias escolares para trabalhar na loja. A experiência foi
tão gratificante que passou a repeti-la nos anos seguintes. Em pouco tempo
ingressou na rede, passou por todos os departamentos do grupo  –  das vendas à direção comercial. Em 2008, assumiu a
presidência.

É essa
mulher, simples, acessível e bastante arrojada nos negócios, que está fazendo
com que o varejo brasileiro mude de cena a cada ano. Um dos últimos atos de
Luíza, até então, atingiu diretamente os paraibanos com a aquisição das Lojas Maia, em
setembro de 2010. Essa semana, concluiu a fase de transição com a mudança
definitiva do nome das lojas para Magazine Luíza. As Lojas Maia possuía 141
filiais espalhadas pelos Estados da Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte,
Sergipe, Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí e Maranhão. “Somos muito experientes
quando se trata de aquisições e já realizamos 13 ao longo de nossa história.
Estamos sempre atentos para estudar oportunidades de mercado e optamos por esta
prática como uma das formas de expansão”, explicou em entrevista exclusiva ao Paraíba
Total
.

O “jeito
Luíza de empreender” é amplamente reconhecido pelo mercado. O Magazine Luiza
figura entre as “Melhores empresas para Trabalhar”, nos rankings da revista
Exame e do Instituto Great Place to Work. Em 2010,
foi considerada a melhor na prática de Falar com seus funcionários, e em 2011,
integrou a lista das 20 melhores na
edição da América Latina, sendo a terceira brasileira mais bem colocada.

A entrada na Bolsa de Valores, a visão humana nos negócios e o crescimento futuro
do grupo podem ser conferidos na entrevista que segue.

A senhora é referência em
empreendedorismo e inovação nos negócios. Como começou essa história de
sucesso?

O Magazine Luiza foi
fundado por meus tios Luiza Trajano Donato e Pelegrino José Donato, em 1957.
Eles compraram uma pequena loja em Franca (SP), chamada A Cristaleira. Logo em
seguida, numa ação de marketing audaciosa para a época, fizeram um concurso entre
os clientes para a escolha do novo nome da loja, e a sugestão escolhida foi
Magazine Luiza. Como se pode ver, desde o início, a inovação e criatividade se
fizeram presentes no negócio. Aos 12 anos eu trabalhava durante minhas férias
escolares porque gostava muito de dar presentes, e minha mãe me aconselhou a
trabalhar para conseguir o dinheiro. Foi aí que eu peguei gosto pelo
varejo. Em todo esse meu tempo de casa, ocupei diversos cargos na empresa até
assumir a superintendência, em 1991. Desde então, meu principal trabalho foi
conduzir a equipe a pensar diferente e a quebrar paradigmas, fatores
primordiais para o sucesso. Essa postura nos fez responsáveis por muitas
inovações no varejo brasileiro, como as Lojas Virtuais, a Liquidação
Fantástica, o Magazine Você e, principalmente, o modo de gerir a equipe.

Na opinião da senhora,
quais as principais características de um empreendedor de sucesso? 

Empreendedorismo, para
mim, é fazer acontecer, independentemente do cenário, opiniões ou estatísticas.
É ousar, fazer diferente, correr riscos em nome de uma ideia, acreditar no seu
ideal e na sua missão. Os empreendedores propõem ideias criativas, seguidas de
ação, e têm a capacidade de envolver a equipe para fazer acontecer. Geralmente
possuem características marcantes, como a busca por oportunidades, correm
riscos, são ousados e inconformados e têm visão global e de resultados.
Trabalham com foco nas soluções rápidas, pois, hoje, ter velocidade é um
quesito imprescindível para qualquer empresa e profissional. Porém, cada um
desenvolve seu próprio estilo, e acredito que não existe uma receita pronta.

O que uma gestão feminina,
humanista e sensível, como é o caso da cultura organizacional do Magazine
Luíza, pode ensinar no mundo dos negócios?

Não há uma fórmula de
sucesso. O Magazine Luiza cresceu com base em projetos inovadores para o varejo
e fazendo aquisições de redes. E continuamos sempre atentos às boas
oportunidades. Mas, de modo geral, destaco características como pioneirismo,
inovação, velocidade no fazer acontecer e foco no cliente.

O Magazine Luíza executou
uma ação inovadora no Facebook, em lojas virtuais em microempreendimentos. Como
funciona esse programa? Qual a diferença do pontocom?

A ideia surgiu do
levantamento de três cenários principais: a força do mercado de vendas diretas
no Brasil, que já é o 4º maior do mundo nesta categoria, o boom do e-commerce
brasileiro e a afinidade da nossa população com redes sociais. Trata-se de uma
iniciativa única no varejo mundial, que permite ao usuário do Facebook e do
Orkut criar uma loja na própria rede social e ganhar comissões de 2,5% ou 6%
por cada venda. Agora, todo mundo pode empreender pela internet e ganhar
comissões. O Magazine Luiza apresentou ao mundo um novo modelo de vendas
diretas. Atualmente, temos mais 110 mil lojas nas redes sociais.

O que a senhora acha das
políticas públicas em relação ao varejo brasileiro?

Precisamos aumentar a
participação do varejo no PIB brasileiro, valorizando cada vez mais os
clientes, gerando empregos e criando novas formas de estar aonde e quando o
cliente deseja. Já somos o maior empregador privado do Brasil e o segundo maior
do país, atrás apenas do governo. O IDV (Instituto para Desenvolvimento do
Varejo), que representa 44 empresas varejistas de diferentes setores, vem
realizando muito bem este trabalho. Mas os juros altos, a quantidade de
impostos e a legislação trabalhista inflexível tornam a produção mais cara e o
comércio menos competitivo.

O Maganize Luíza é uma
empresa familiar. Como foi o processo de decisão para a entrada na bolsa de
valores?

Estar na Bolsa de Valores
era um objetivo antigo, tanto que sempre tomamos medidas exemplares de
governança corporativa, mesmo quando éramos de capital fechado. Por mais de 10
anos o Magazine Luiza teve balanços auditados por uma empresa internacional de
auditoria.

Em relação às Lojas Maia,
como foi o processo de escolha para a compra da rede?

Somos muito experientes
quando se trata de aquisições e já realizamos 13 ao longo de nossa história.
Estamos sempre atentos para estudar oportunidades de mercado e optamos por esta
prática como uma das formas de expansão, mas sem deixar de crescer também
organicamente, como quando entramos em São Paulo com 50 lojas no mesmo dia.

As lojas Maia passaram
agora a adotar o nome do Magazine Luiza? Como foi – ou está sendo – a passagem
para a “cultura” do Magazine Luiza para o antigo empreendimento?

Sabemos fazer, respeitando
as culturas da empresa e das localidades onde vamos nos instalar. Por isto,
esta migração ocorreu de forma gradativa. Este respeito pôde ser percebido logo
que a rede, sediada em São Paulo, comprou a Lojas Maia, levando a todos os
funcionários os mesmos benefícios oferecidos aos colaboradores do Magazine
Luiza, tais como plano de carreira, cheque-mãe, cheque-educação especial,
auxílio aos estudantes, reembolso de farmácia, entre outros. Antes de tudo,
para estimular o engajamento dos colaboradores com a empresa, é importante
investir em seu bem-estar e no crescimento pessoal.

De que forma a senhora
acha que a compra das Lojas Maia mexeu com o mercado e quais as perspectivas a
partir de agora?

O Nordeste está
experimentando uma evolução de mercado que nos dá ainda mais orgulho de sermos
brasileiros. A região é uma das que mais se desenvolvem no país e possui um
alto poder de consumo. O Brasil cresceu nos últimos anos com distribuição de
renda, especialmente no mercado nordestino, que tem demonstrado um grande
potencial. Todas as regiões do país têm suas particularidades.

O Magazine Luíza pretende
fazer mais aquisições? Algo previsto para o Nordeste ou a Paraíba?

Não podemos falar sobre
projeções por sermos uma empresa listada na bolsa de valores.

Como entender e agir
diante desse novo nordestino – que têm consumido crescentemente e aumentado seu
poder de compra? Como a senhora avalia esse crescimento do consumo das classes
C e D?

O Magazine Luiza sempre
trabalhou com multicanalidade para atender a todas as classes, atuando com
lojas de rua, shopping e internet, com uma atenção para preços, condições de
crédito e serviços que podemos oferecer. A redução da desigualdade no Brasil só
vem a somar com todos os aspectos da cadeia econômica e social. Precisaremos,
continuamente, desenvolver campanhas bem direcionadas, além de produtos que
atraiam estes novos consumidores, e oferecer um atendimento diferenciado para
um público que está sempre muito atento a promoções.O Magazine Luiza sempre teve como
estratégia atuar junto às classes C e D por meio de suas lojas tradicionais;na classe B,com as lojas de shoppings;enaclasse A,pela internet. No entanto, fazer as
pessoas felizes não é apenas um slogan do Magazine Luiza,é uma missão.A classe Cjá
é responsável por 71% do consumo de mais de 100 categorias de bens produzidos
aqui, de acordo com instituto de pesquisa Data Popular, e têm um potencial de
compra superior ao de Argentina, Chile e Uruguai juntos.

Aquisições, crescimento
orgânico, aumento das vendas via internet, criação de outros meios de vendas e
negócios via internet. Qual a projeção de crescimento para o próximo ano e qual
maior desafio do crescimento do Magazine Luíza?

Como disse anteriormente,
não podemos falar sobre projeções de crescimento. Mas nosso desafio é ajudar o
Magazine Luiza a continuar crescendo sem perder seu DNA, sem deixar nunca de
ter o “Jeito Luiza” de ser. Temos de continuar crescendo sem perder a nossa
essência de simplicidade, transparência, valorização e respeito às pessoas.