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“A notícia está em todo lugar e é importante opinar em favor da cidade e em favor das pessoas”

18 de março de 2016

Impossível estruturar um desenho único e preciso de Abelardo Jurema Filho, o entrevistado desta semana no Paraíba Total. Em meio às suas diversas facetas, a conversa pode não ter fim. Carioca, Abelardo Jurema Filho é jornalista, colunista, advogado, escritor, cantor profissional, empresário, defensor público estadual, publicitário, promotor de eventos. Tudo ao mesmo tempo – e tudo muito bem feito.

Sua última novidade grandiosa foi o ingresso à Academia Paraibana de Letras, na eleição mais concorrida da história da entidade, no ano passado.  É autor de cinco livros: Paraíba Feminina (1992), Paraíba Masculina (1997), Paraíba Sim Senhor!(2002), Cesário Alvim 27 -Histórias do filho de um exilado (2011) e Na Janela da Cidade (2014). O importante é saber escrever de forma clara, consistente e saborosa. Foi assim me venci a eleição contra o jornalista Evandro Nóbrega, que tinha sido meu editor e merecia também está na Academia. E isso me deixou feliz por ter vencido alguém de peso”, lembrou.

Unindo suas características de bussiness man e “acendedor de gente”, Abelardo contou um pouco de sua história de trabalho e sucesso na entrevista que segue. Confira trechos da conversa.

Abelardo, você é carioca. Como é sua relação com a Paraíba? 

Eu sou carioca de Botafogo. E só vim para cá aos 23 anos, quando eu estava no terceiro ano de Direito. Já tinha feito jornalismo no Jornal de Brasília, mas minha família era toda paraibana. Eu vinha passar férias aqui e sempre fui apaixonado por essa terra. Estava na hora de eu procurar algo mais atraente para a vida, buscar outras oportunidades. Daí eu vim para cá e concluí o curso de Direito. Tenho também muitos parentes paraibanos. Eu sou sobrinho neto do João Pessoa. Meu avô era irmão de João Pessoa, meu pai  é de Itabaiana e já foi prefeito, deputado estadual e senador. Então, toda minha origem é daqui, eu só nasci no Rio porque o meu pai era político e quando ele foi deputado, precisou ir para o Rio de Janeiro. 

No ano passado, você se tornou um paraibano imortal. Como foi seu ingresso na Academia Paraibana de Letras?

Na verdade, a Academia surgiu como um projeto de repente. Eu já tinha cinco livros publicados e sou filho de um acadêmico. No ano passado, eu estava comemorando 40 anos de coluna. E eu vi que tinha uma história voltada para as Letras. Por isso, vi que tinha condições de pleitear isso e foi quando eu coloquei isso na prática. Minha eleição foi a mais concorrida da história da academia, com 17 votos a 15. E o meu concorrente era muito preparado, um intelectual e uma bagagem cultural e literária maior que a minha.  Mas isso não é tudo. O importante é saber escrever de forma clara, consistente e saborosa. Foi assim me venci a eleição contra o jornalista Evandro Nóbrega, que tinha sido meu editor e merecia também está na Academia. E isso me deixou feliz por ter vencido alguém de peso. 

Não só como imortal das letras, suas demais veias de atuação também são muito forte…

Realmente é uma coisa que faz parte do meu signo, eu sou geminiano, e eles são muito múltiplos nas suas características. Eu tenho várias profissões. Sou jornalista, advogado, defensor público, aposentado, cantor, empresário, publicitário, apresentador de televisão, escritor… Então, isto faz parte da minha personalidade mas acho que o que eu mais me identifico é como jornalista e como cantor. Eu canto desde que nasci. Quando eu tinha 15 anos, eu já cantava na televisão. E tentei muito ser cantor naquela época mas depois eu desisti, quando eu vim para João Pessoa.  Hoje, o que mais me identifica é como jornalista. Eu sou um jornalista porque respiro notícia, gosto de escrever para minha coluna. 

Sua coluna existe há 40 anos e é reconhecida como uma coluna versátil e interessante. O que o faz manter há tanto tempo com esta reputação?

E tenho uma alma de jornalista e jamais pensei que viesse a ser um colunista social. Não achava que fosse o meu perfil. Eu gosto da notícia, gosto da informação, de priorizar o conteúdo. Então o sucesso da minha coluna ela se deve por ter um perfil diferente das outras colunas. Há alguns colunistas que não tem uma formação de jornal, eles se tornam colunistas, pois são bem relacionados e gostam do social. No meu caso foi diferente, pois eu vim da raiz do jornal, eu trabalhei como repórter, como redator, eu conheço o jornal e sou apaixonado por ele como um todo. Agora quando me acenaram essa questão de ser colunista que seria para substituir o Heitor Falcão eu achei uma boa oportunidade e assumi a coluna e estou nela há 40 anos.  Eu a transformei em um jornalismo de variedade, onde se fala de tudo com muita liberdade e muita clareza. 

Mas construir essa imagem de credibilidade em uma coluna social deve ter sido um desafio.

Desafio muito grande, pois você vê que a coluna é diferente. Ela é aberta para o leitor. Ele pode opinar – e eu duvido você encontrar outra coluna no Brasil  que abra tanto espaço para o leitor. Hoje eu abro espaço, inclusive, para as redes sociais.  Quando eu vejo algum comentário interessante, eu o reproduzo. A coluna mexe com uns temas mais polêmicos, opina desde a questão política até a ambiental, a preservação cultural, a questão do patrimônio histórico. Eu sou muito inquieto. A notícia está em todo lugar e é importante opinar em favor da cidade e em favor das pessoas. Na coluna eu já critiquei, já elogiei, já briguei, mas eu nunca destruí! A minha coluna sempre foi no intuito de ajudar as pessoas. Eu entendo que a missão que eu tenho quanto jornalista é produzir algo que seja benéfico para as pessoas.

E também, de alguma forma, sempre destacar as pessoas?

Consigo exaltar as pessoas que merecem com o Troféu Heitor Falcão. Eu também sou promotor de eventos. O Eloísio Crispim, que foi um grande jornalista,  dizia que eu era um acendedor de gente. Eu me orgulho muito deste título pois é como eu me sinto, mas não é só acender, eu gosto de levantar o astral, de fazer com que as pessoas se sintam bem. Gosto de elogiar, de transparecer os meus sentimentos de uma maneira muito sincera. Eu não sei adular, eu não sei falar o que eu não estou sentindo pra agradar alguém. 

E é muito interessante essa sua atuação como acendedor de gente e um bussiness man? Como você consegue conciliar tudo isso? 

Com Certeza! Dificílimo! Muito difícil conciliar os interesses financeiros aos da coluna, por exemplo. Tem que ter muito equilíbrio. Por isso te digo que eu sou um conciliador. Tudo é questão de bom senso e equilíbrio, eu já atravessei diversas campanhas políticas e eu nunca coloquei a coluna a serviço de ninguém, de nenhum partido, embora eu tivesse as minhas preferências, eu sou homem e humano. A coluna é Abelardo Jurema, mas não a coloco a esse serviço, para mim. A coluna tem que estar em primeiro lugar para o leitor – e o leitor não é burro, é inteligente. Então se você abusa e começa a ser faccioso ou começa a se colocar voluntariamente a favor deste ou daquele de uma maneira muita vendida, o leitor percebe isso. Eu não me renego a opinar, quando acho que algo está errado, eu opino. 

Como você vê a influência das redes sociais e a tradição de sua coluna?

Na realidade, a coluna não concorre com as redes sociais. A internet ainda é uma espécie de `terra de ninguém`. E que não tem lei e que quem escreve nem sempre tem autoridade para falar. As redes não competem com a coluna e, de certa forma ela também valoriza, pois quando coloco uma nota ou uma foto de alguém, muitas pessoas até a publicam e compartilham nas redes sociais, mostrando a nossa referência. Eu mesmo as uso muito pra divulgar o meu trabalho e certo é saber bem usá-las.

Vamos falar sobre a sua veia artística, que é a literária e a musical.

Desde que eu sou menino eu canto em banda. Quando eu tinha 15 anos já cantava na televisão no Rio de Janeiro. Eu queria ser cantor quando ia para os programas no Rio de Janeiro, cantei no Flávio Cavalcanti, que era como se fosse o The Voice Brasil de hoje.  Eu sou assim, a música sempre levei comigo desde que eu nasci. E ainda hoje eu canto. Gravei um CD mais para ter esta realização, mas hoje eu não penso mais em ser músico. Naquela época eu realmente pensava, mas depois a minha vida tomou um outro rumo e outras responsabilidades. Me casei, tive filhos, daí eu tinha que trabalhar e ganhar dinheiro. Mas ser músico é minha maior aptidão. Eu tenho certeza absoluta.

De que forma você contribui para o desenvolvimento do nosso Estado?

Eu contribuo de muitas formas. Em primeiro, na minha coluna, orientando as pessoas com o que eu acho bom, criticando o que é ruim. Eu contribuo gerando emprego, pagando impostos. Fora os empregos que eu ofereço na minha empresa, eu faço eventos que mobilizam centenas de pessoas entre maquiadores, cabeleireiros, figurinistas, pessoal do som, artistas. Então, com isso, também gero renda e oportunidade de trabalho. Escrevendo meus livros e relatando experiências, também valorizo a Paraíba, não deixando que ninguém agrida nosso estado. Eu faço essa defesa, que também  é minha contribuição.

Quando alguém diz que você é o máximo, você acredita?

Não, não acredito. Eu sou feliz como eu sou, mas não sou melhor do que ninguém. Sou satisfeito comigo.