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“No segmento de bares e restaurantes, a Paraíba tem tudo para sair dessa crise mais forte do que outros estados”

24 de março de 2016

Março foi um mês bastante movimentado no setor de bares e restaurantes da Paraíba. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes da Paraíba lançou da oitava edição do Guia Abrasel 2016/2017, que traz as principais informações sobre a cultura e gastronomia paraibana. A publicação, bilíngue, está disponível na versão impressa, online e em aplicativos para smartphones e apresenta informações como endereço, descrição, especialidades e valor médio de aproximadamente 100 restaurantes, bares e lanchonetes da Paraíba.

De forma pioneira no Brasil, foi também lançada a Cozinha Escola, iniciativa voltada para cursos de capacitação e qualificação das equipes dos associados. 

O setor também recebeu a visita do presidente executivo nacional da entidade, Paulo Solmucci, que conversou com o Paraíba Total. Empresário do setor em Minas Gerais, ele comentou do destaque da Paraíba em relação aos demais estados onde tem visitado em sua gestão. “o grande lance de uma cidade que cresce como João Pessoa é buscar uma oferta que venha atender a todo mundo, em todo momento, nos seus mais diversos preços. Para tanto, é preciso ter ganhos de produtividade, inovação, busca de qualificação de mão de obra. Percebemos que o empresário paraibano está agindo esta direção”, afirmou.  

Solmucci ainda fala sobre legislação para o segmento, desafios e a “febre”dos food trucks na entrevista que segue.

Qual foi o motivo de sua vinda à Paraíba?

O que nos estimulou a estar aqui primeiramente foi o lançamento da cozinha escola da Abrasel Paraíba e do Guia Abrasel 2016/ 2017. Além disso, conhecer o Centro de Convenções. Mas o que nos trouxe aqui também foi presenciar como o empresariado seja da gastronomia ou do turismo como um todo está se comportando diante da crise. A crise existe e não é igual para todo mundo. O pessoal daqui está agindo de uma outra forma. Está se reinventando. No segmento de bares e restaurantes, a Paraíba tem tudo para sair dessa crise mais forte do que outros estados. Vemos que o consumidor está com o “bolso mais curto”, mas nossa atividade é fundamental e faz parte do dia-a-dia. Não tem como deixar de comer fora pelo menos umas, duas ou três vezes na semana. Faz parte do consumo. Daí, criou-se um desafio de como saber ofertar produtos de qualidade para públicos diferentes. E o grande lance de uma cidade que cresce como João Pessoa é buscar uma oferta que venha atender a todo mundo, em todo momento, nos seus mais diversos preços. Para tanto, é preciso ter ganhos de produtividade, inovação, busca de qualificação de mão de obra. Percebemos que o empresário paraibano está agindo esta direção.

De que maneira a Abrasel Nacional está observado esses movimentos de superação da crise na Paraíba?

Podemos responder usando até uma visão individual, como no caso do presidente da Abrasel na Paraíba, Paulo Amaral. Na empresa dele, ele entendendo que precisa produzir mais, passou abrir um dia a mais por semana e reduziu seu quadro de funcionários. E ele conseguiu isso se reinventando, investindo em automação. A atitude é individual do empresário, da liderança, de acordo com a sua necessidade. Desse modo, a Abrasel Nacional apoia iniciativas assim e fica motivada com isso, porque essa energia contagia. Da mesma forma que o imobilismo atrapalha a todos, as lideranças fortes que buscam soluções também  estimulam. Aqui, todos estão nos estimulando. E isso é o que faz o Estado saltar.Por isso, a Paraíba está ocupando lugar de destaque no Nordeste como destino turístico. 

A Abrasel nacional vê com os bons olhos os foodtrucks?

Na realidade, nosso setor tem que ter adaptabilidade. Somos uma atividade econômica de porta pra rua e, para atender os desejos do consumidor, que muda de hábitos e de valores, temos que seguir junto com ele. Por isso, temos que aceitar os food trucks, mas com fiscalização. O food truck é importante para o setor e faz parte do mix em várias cidades do mundo, se glamourizou muito. Agora é importante a regulamentação desses ocorra de forma certa. É inadmissível que food trucks que fizeram um investimento altíssimo fiquem nas ruas sem pagar por isso, sem pagar impostos e sem oferecer uma segurança alimentar. 

Falando de fiscalização e legislação que afeta o setor, os reflexos da lei seca ainda são fortes?

Existe ainda no Brasil um problema sério que é a falta de planejamento e legislações mal feita. Uma delas a Lei Seca. É um único país do mundo que tem intolerância zero à bebida alcoolica. Um motorista brasileiro não pode mais dirigir após tomar uma taça vinho, uma cerveja, pois pode ter uma demência. Então é uma lei que criminalizou a grande maioria dos cidadãos adultos. Todo mundo que eu conheço, depois dessa lei que já tem quase dez anos, já bebeu e dirigiu em algum momento. É uma lei que criminaliza em massa, é uma lei mal feita e isso gera distúrbio também para o setor e dentro da sociedade causou várias situações.

A mão de obra também é o desafio do setor fora da Paraíba?

Na verdade, mão de obra qualificada é o desafio de todos os setores e em todos os estados. O que um americano produz, nós precisamos de cinco brasileiros pra produzir. Agora o avanço é visível desde a década de 70. O Brasil evoluiu muito, e a educação é fundamental para se saber operar novos equipamentos, como por exemplo um forno de alta tecnologia , ou mesmo uma máquina registradora. Tudo carece de pessoas mais instruídas e qualificadas. E isso já esta acontecendo, pois já vivemos em uma sociedade mais alfabetizada e mais familiarizada com a tecnologia.

Como a Abrasel tem enfrentado a retração econômica brasileira?

Bom, no ano passado começamos pensando que a crise seria menos grave e acreditamos num crescimento de 2 a 3 %. Mas houve uma queda de 3 a 5% em termos reais. Já em 2016 estamos mais otimistas, embora não com o crescimento, mas acreditamos que não estaremos totalmente parados. Sentimos que o pior da crise já passou. Sabemos dos efeitos dos maus momentos vão continuar, mas tudo se ajusta. O próprio dólar que nos penalizou, agora tá trazendo benefícios, fazendo o brasileiro ficar mais dentro do País. É claro que as margens estão apertadas, mas se conseguirmos encarar, a  gente já volte a crescer no que vem