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“Com a abertura comercial e a possibilidade de compra de produtos diferenciados, o whisky precisou se reinventar para voltar à mesa do consumidor”

22 de setembro de 2016

Na terra da água de coco, o mercado está de olho nas novas possibilidades de consumo de bebidas. A Paraíba recebeu, na última semana, uma ação da Chivas Brasil, tradicional marca escocesa de whiskys para uma ação de branding. Um jantar especial na Casa Cor, totalmente harmonizado com a bebida e  com a presença de uma anfitriã de peso: a embaixadora do Chivas no Brasil, Paula Limongi.

Em conversa exclusiva com o Paraíba Total, Paula contou com entrou nesta função – mulher, jovem e nordestina –  e contou as novidades da marca para o Nordeste, a região onde mais se consome a bebida no Brasil. “Recife é a cidade que possui o maior índice per capta de consumo de whisky do mundo País. A média de consumo de lá é de cerca 12 doses por pessoa, enquanto a média nacional é de 2,7 doses por pessoa”, contou.

Formada em Jornalismo com MBA em Marketing e atuante no segmento de bebidas há sete anos, na entrevista que segue, Paula fala sobre diferenciais da fabricação, harmonização e da estratégia de fazer com que o whisky volte a ser consumido de forma perene e sempre à mesa dos consumidores. 

O que faz uma embaixadora de uma bebida?

Na verdade, costumamos dizer que somos o meio e a mensagem. Pois, já que a marca em si não pode falar, é escolhida uma pessoa que personifique e que fale literalmente por ela, sobre tudo que ela é. Que ela é icônica, que ela existe há tantos anos, que ela tem tantos prêmios, etc. E para isso, no meu caso, eu fui para a Escócia e passei por um treinamento de 40 dias, depois vai para Londres para aprender tudo sobre o universo da marca. Depois voltamos ao nosso país de origem com a missão de difundir a importância dessa marca, seja com referências do produto, como sabor,  qualidade, conteúdo. 

O Nordeste é a região que mais consome whisky. Qual a estratégia da Chivas para a Paraíba?

Recife é a cidade que possui o maior índice per capita de consumo de whisky do mundo País. A média de consumo de lá é de cerca 12 doses por pessoa, enquanto a média nacional é de 2,7 doses por pessoa. Fizemos uma breve pesquisa aqui na Paraíba e vimos que o consumo da cerveja e do vinho ainda estão bem mais fortes que o do whisky. Claro que ainda existe um certo consumo em eventos como casamento, formaturas, mas o que se percebe é que no dia-a-dia, no bar, no restaurante, o uísque tem perdido espaço para cervejas artesanais e especiais, que estão em alta, e para os vinhos. Então, para nos reinventarmos, já que os consumidores procuram sempre novidades, procuramos sempre lançar rótulos novos, com atrativos novos, como é o caso do nosso Chivas Extra, que estamos lançando agora.

O qual o diferencial desse lançamento? 

Trata-se de um whisky que metade do seu envelhecimento feito em barril de vinho espanhol, um vinho fortificado que só é feito no Sul da Espanha. O barril desse vinho chega a custar 15 vezes mais do que um barril de carvalho americano, que usamos para envelhecer nosso whisky. Uma coloração avermelhada e suavidade, além de maciez e sabor frutado para o nosso whisky. Isso trás um pouco da suavidade que as pessoas esperam hoje nos vinhos e nas cervejas. Desse modo nos reinventamos para não perder o consumidor.

O que faz um whisky ser bom?

Essa é uma pergunta muito peculiar, pois o que é bom para uma pessoa pode não ser para outra. É tanto que hoje existem mais de 1.500 rótulos escoceses. Temos rótulos defumados, salgados, secos, adocicados, picantes, e isso vai depender muito do paladar para agradar. Mas, no geral, para ser bom ele precisa ser harmônico.

Em termos de paladar e olfato, existe muita diferença do homem para a mulher, dentro desta linha? 

Sem sombras de dúvidas, a mulher tem um olfato diferente do homem e um paladar também. Então, o whisky tende a agradar mais o público masculino por ser uma bebida mais forte, encorpada, e quando envelhecido em carvalho, ele possui um toque amadeirado. Mas existem vários outros rótulos que são super apreciados por mulheres, inclusive o Chivas Extra é um deles. Por ter esse toque de vinho, ele acaba sendo mais sensível, mais agradável para o paladar feminino.

Causa alguma estranheza ou curiosidade para os homens ver uma mulher como você falar com tanta propriedade de uma bebida apreciada em sua grande maioria pelo público masculino?

Causa sim. Até porque se espera um senhor, típico escocês e devidamente vestido a caráter, para falar sobre a bebida. Mas, quando começamos a falar sobre fabricação, qualidade, harmonização, que mostramos conhecimento, aí naturalmente somos aceitas e convencer a mudar, dobrar a opinião desse público masculino.

Qual a sua opinião como o consumo do whisky como outras misturas, como água de coco, energéticos, refrigerantes?

Essa pergunta também é bastante peculiar. Nós moramos em um país tropical, quente, de sol, e o uísque é uma bebida que esquenta, ele vai esquentar automaticamente a pessoa que bebe, já que possui 40% de teor alcoólico. Assim, se fossemos beber geralmente como os escoceses bebem, que é no máximo com uma pedrinha de gelo, ou com uma pequena adição de água ou mesmo cowboy, sem dúvidas ficaremos com muito calor. Na Ásia, eles tomam com chá verde. Na Espanha, tomam com Coca-Cola, então, por que aqui não poderíamos tomar com água de coco, por exemplo?! Portanto, claro que pode haver essa adição, mas desde que não precise ter aquele rótulo elaboradíssimo, 18 anos ou 21 anos e a gente nem sequer tenha se dado o prazer de prová-los antes. Mas, também na hora que você comprar um whisky, ele é seu, e você vai beber ele como bem quiser. Agora, é bom colocar um pouco de água mineral, porque assim ele vai abrir o aroma e vai reduzir o teor alcoólico. Há que inclusive goste de tomar com uma taça de água ao lado.

Anos atrás, algumas pessoas faziam suas refeições tomando whisky. Por que houve essa mudança de hábito?

Pelo que pesquisamos, conseguimos observar que há 10, 15 anos atrás o Brasil era um pouco fechado para novos produtos e o próprio consumidor era fiel às suas marcas. Havia pouquíssimas marcas de cervejas, alguns rótulos de vinho conhecidos e aquelas marcas de whisky que já eram super imponentes. O whisky sempre foi atrelado ao status e ao glamour. Isso sempre dominou bares e restaurantes, inclusive na hora da refeição. Com a abertura comercial e a possibilidade de compra de produtos diferenciados, o whisky precisou se reinventar para voltar à mesa do consumidor. Porque o vinho e as cervejas começaram a entrar muito forte e as pessoas começaram a experimentar coisas diferentes. Aí, o whisky começou também a perder um pouco desse papel principal na mesa de bar e de restaurante.  E ai por isso que estamos buscando mostrar ser prazeroso ter refeições e até sobremesa acompanhadas de whisky, inclusive o chocolate.  

E dá pra harmonizar a bebida com quais alimentos? 

Um dos que não harmonizam de forma alguma são os queijos de fungo azul. Gorgonzola e roquefort são ótimos para vinho, mas não são legais para o whisky. Nesse caso, optamos por queijos de fibra dura como grana padano, o parmesão, porque assim não teremos um conflito no paladar com dois sabores muito fortes. Já comidas japonesas harmonizam, carnes de caça, carnes feitas com molho escuro da própria carne, onde até no lugar do vinho se pode colocar o uísque para prepara-la, defumados como presunto de parma, salmão defumado, esses são ótimas combinações.

Algo mais a acrescentar aos leitores do Paraíba Total?

Bom, essa é minha primeira visita à Paraíba e eu estou começando a desbravar esse território. Meu cargo é nacional, mas com foco no Recife e Fortaleza que são os maiores mercados de whisky do Brasil. Então, aqui na Paraíba nós estamos começando a entender o nosso público e ainda este mês faremos outros dois eventos em João Pessoa. A ideia é fazer as pessoas entenderem um pouco mais do produto e assim colocarmos a Paraíba na nossa agenda.