logo paraiba total
logo paraiba total

“Respeitar sua essência é o jeito mais inteligente de construir seu estilo, sua maneira de viver e de se vestir”

13 de outubro de 2017


A uber empresária e consultora de
moda Costanza Pascolato esteve recentemente em João Pessoa para um evento exclusivo. Ela conversou com o Paraíba Total sobre mercado da moda e avaliou o consumo na atualidade. Confira trechos: 

Que elementos poderia pontuar que mudaram a percepção de
consumo e de mercado, seja com a chegada das blogueiras e com os impactos das
novas tecnologias?

Bom, eu acho que
o que houve de diferente foi a entrada da internet na nossa vida. Que abriu a imagem em si para o acesso de qualquer pessoa que a quisesse. Eu sou
uma pessoa que cresceu com revista e a gente sabe que o impresso hoje está
sofrendo realmente uma crise muito grande, porque antes eles eram as únicas
fontes de referências no caso de moda, assunto que estamos abordando. Isso, primeiramente
porque a indústria era menor e até os anos 90 não se importava nada no País.
Portanto, tinha muito espaço para evoluir, ganhar dinheiro, como aconteceu com
a indústria do jeans brasileiro que criou na época umas empresas que ficaram
milionárias e que agora, umas foram vendidas e outras desapareceram de cena.

E quais são hoje as
principais tendências do mercado brasileiro?

Hoje o que
acontece é o que chamamos de duas tendências. Primeiro o que chamamos de fast fashion, moda rápida, que significa
um padrão de produção e consumo no qual os produtos são fabricados, consumidos
e descartados – literalmente – rápido. Ou seja, os verticais, tais como
Riachuelo, Renner etc., exceto C&A que é estrangeiro. E estamos falando
de coisas nacionais. E isso fez com que a classe média conseguisse consumir
moda, pois eles fazem moda mesmo, jovem e com o preço acessível. Já que com a
crise a classe que mais comprava em shopping desceu para comprar fast fashionA outra tendência é que estão surgindo coisas que
eu acredito que venha ser o futuro, que são os
startups de moda, como os cariocas que fazem pequenas marcas muito
interessantes e são criativas e custam pouco e ainda são comprados pela
internet. 

A crise também foi detectada em algumas
marcas de fast fashion. Isso afetou
também na produção da moda, já que no consumo assim ocorreu?

Eles
estavam comprando muito na Ásia, quer dizer que, de uma certa maneira eles
quiseram recomeçar a trabalhar no Brasil. Mas, tem um pequeno problema que é a
técnica de confecção, pois a maioria não sabe produzir roupa de qualidade. E
isso é um defeito que eu culpo um pouco às escolas de moda. Porque se a China
conseguiu aprender dos italianos, eles copiaram tudo, essa maneira de fazer
roupa bem feita, bem trabalhada, e que fornecem para todo o mundo, por que não
aprendermos também a fazer o que bom e de qualidade? O que vejo é que o Brasil
ainda está um pouco atrasado no tocante à engenharia da roupa. Já que se faz uma
modelagem, mas se tem que aprender que a fazer com que ela seja reproduzida
milhares de vez e com perfeição. E isso leva um designer, passagens que não
deem muito trabalho e não corra o risco de terem muitos defeitos.

Em relação à mulher
nordestina, há diferença no consumo em relação à brasileira?

É apenas uma questão de imagem, o acesso à imagem. Eu tenho 78 anos
e para mim antes a referência era o cinema e quando a televisão
apareceu foi uma verdadeira revolução nos anos 60. Então, a questão da imagem é apenas ela alcançar as pessoas normais. Imagine agora com a internet, que tudo
chega mais rápido e de qualquer parte para você? Agora se você quer copiar uma
espécie de ícone, tudo está lá e acessível. Hoje tem inúmeras meninas que se
espelham em outras e ficam a todo instante mudando de look. Isso se for o look
do dia, porque se não for, deixam de acompanhar. 

É muito
caro ser uma pessoa chique?

Bom, na minha
opinião, ser chique também é uma questão pessoal. Pois, você poder estar bem
consigo mesmo, e eu sempre escreve nos meus livros, que o grande lance é na
verdade se encontrar, saber o seu jeito, qual o seu gênero. Aprender a
gostar dos seus defeitos, já que nós sempre acreditamos ter vários. Então, o
conselho é que ao invés de ficar julgando e querendo ser outra pessoa, por que
não valorizar aquilo que realmente você é e tem em sim?! E muita gente consegue
fazer isso. Pois, isso só faz lhe dar uma auto-segurança, autoestima, e assim você
aprende a gostar de si e se achar uma pessoa chique. Eu mesmo convivi com
mulheres deslumbrantes a minha vida inteira e todas elas se acham feias de
algum jeito. Para se ter ideia Gisele Bundchen acha defeitos nela! Então, o que
vale é você se ver e se gostar para ficar forte.