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“O mercado cervejeiro paraibano é novo em todos os sentidos, tanto em consumo quanto em produção”

24 de julho de 2019

A busca por conhecimento cervejeiro está cada vez maior, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. De acordo com um levantamento feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as marcas de cervejas artesanais cresceram 130% nos últimos cinco anos no país. Na Paraíba, esse mercado ainda é bem iniciante, mas já conta com sete cervejarias devidamente registrada. “O mercado cervejeiro paraibano é novo em todos os sentidos, tanto em consumo quanto em produção”, avalia com Dan Oliveira de Melo, Beer Sommelier pela ICB (Instituto da Cerveja do Brasil), ABS (Associação Brasileira de Cerveja) e ASI (Associação Internacional de Cerveja – França).

Na entrevista que segue, Dan, que também é produtor, com a  Cerveja Quebra-Quilos, destacou o crescimento do mercado e consumo de cervejas artesanais Paraíba e no Brasil.  Ele participa, na próxima semana, de um evento exclusivo em João Pessoa, onde convidados irão degustar e harmonizar rótulos da Eisenbahn, no dia 25 de julho, no IT Club. 

O que faz uma  cerveja ser uma “boa cerveja”?

Uma cerveja é composta por alguns ingredientes que precisam combinar entre si. O malte é um deles, responsável por dar corpo e cor ao produto, tendo uma variação de aroma e sabor muito forte, dependendo do tipo de malte escolhido. Esse ingrediente, combinado com os lúpulos, vai dar aroma e o amargor da cerveja e juntos são uma combinação perfeita. Além isso, temos o fermento e a levedura, agregando aroma e sabor. Por fim, temos a água que é responsável por 80% a 90% da composição das cervejas. O conjunto, desses quatro ingredientes é o que forma uma cerveja excelente. Para isso, precisamos dessas matérias primas com uma qualidade muito boa.

Como você enxerga o crescimento do mercado das cervejarias artesanais e o que você atribui a esse movimento de descoberta e gourmertização das cervejas?

Quando se fala em gourmetização, nesse sentido, temos o Brasil, com o vinho e uísque, como parte principal desse processo. A cerveja ainda é tratada como uma bebida popular, de um modo geral. Essa ideia da cerveja artesanal surge em várias partes do mundo, e como bebemos da fonte americana, temos uma cerveja muito parecida com essa escola. A gourmetização vem crescendo na intenção de “beber o local’, a cerveja produzida por região, sabendo que os moradores querem consumir cervejas produzidas em sua localidade. Assim, com esse processo, o fomento da cerveja artesanal vai crescendo, com maior sabor e aroma, fugindo da bebida mais tradicional. Tendo uma gama de cervejas a serem trabalhadas, desde as mais clássicas como a tradicional Pilsen, American Lager até cervejas com excesso de malte como as de café e chocolate. Hoje em dia, há uma variação muito grande, podendo adicionar ingredientes tanto de origem animal ou vegetal como a lactose, o mel e especiarias, incluindo frutas. Assim vai surgindo uma variação de sabores que aumenta o prazer de degustação, não sendo apenas uma cerveja para beber em um dia de calor na praia, apenas para refrescar, mas agora com um algo a mais, onde podemos brincar com as harmonizações, trabalhando com os climas diferentes.

O que faz um beer sommelier?

O trabalho de um sommelier tem duas frentes. O primeiro pode ser feito na fábrica, com a inspeção de qualidade da matéria prima até a finalização do produto. Nós vamos degustar a cerveja e ver como ela está se comportando dentro de um tanque, fazendo a parte de combinação junto com o mestre cervejeiro, para saber se aquelas combinações de malte, e lúpulo são as mais adequadas para o estilo. Assim é feito o trabalho dentro da fábrica, que vai desde a escolha da matéria prima até a finalização da cerveja quando ela passa para o processo de fermentação e maturação do tanque. Além disso pode trabalhar com brigada em bares e restaurantes de forma direta, treinamento de brigada e cursos de harmonização. Assim como é muito comum observar um sommelier de vinho dentro de uma casa. Em pouco tempo irão surgir os sommeliers de cerveja, oferecendo uma cerveja específica para o tipo de prato que você escolher, apresentando o produto como ponto principal.

Em relação à Paraíba, como você avalia o consumo e a produção da bebida?

O mercado cervejeiro paraibano é novo em todos os sentidos, tanto em consumo quanto em produção. A fábrica mais antiga da paraíba tem pouco mais de um ano, as cervejas artesanais da região são muito recentes. No entanto, o mercado tem buscado a ideia de consumir o produto local. Quando se coloca uma cerveja no mercado e diz que é um produto paraibano, desperta um interesse maior pelos consumidores a buscar a cerveja local e também em apoiar o pequeno produtor. Em termo de cerveja, as micro cervejas, as cervejas artesanais não chegam a 1% da produção. A ideia dessas cervejas locais vai fazer com que esse consumo aumente, ao colocar uma cerveja paraibana dentro de um supermercado, bar ou restaurante, há aquele diferencial para comprar, aumentando o consumo e tornando a cerveja mais conhecida, a tendência é crescer.

Como são as mulheres dentro do meio cervejeiro?

Durante muito tempo, o mercado tratou a mulher como uma consumidora de cerveja mais leve. Quando nós estamos no meio cervejeiro, percebemos que é o contrário, isso não existe. O que nós vemos são mulheres cervejeiras produzindo cervejas com bastante lúpulo, bastante encorpadas, com maior teor alcoólico e mais sabor. A mulher dentro do meio cervejeiro é igual ao homem, o consumo é o mesmo, elas gostam de consumir os mesmos tipos e variedades de cerveja.

Você vai estar essa semana participando de um evento que será harmonizado com alguns rótulos da Eisenbahn. O que você espera do evento e desses rótulos que serão apresentados?

Esses eventos de cerveja são ótimos para difundir a cultura cervejeira. Quanto mais eventos desse porte, onde a gente mostre cervejas para o público e as possibilidades dela, o mercado só tende a crescer. Os rótulos da Eisenbahn são excelentes para nós fazermos a harmonização e ter uma maior variedade de cardápios. São de muita qualidade, muito saborosos. Nós temos uma gama de aromas, uma variedade de sabores e vamos utiliza-los para harmonizar com os pratos que serão servidos no evento.

Você bebe cerveja? Ou só no trabalho mesmo?

(risos) Bebo sim, não tanto quando o pessoal pensa, claro! Existem os dias específicos para beber, mas sempre com moderação. Para mim, cerveja é momento, não tenho um estilo preferido, mas se estou em uma praia é impossível eu tomar uma cerveja com um teor alcoólico muito alto, vou tomar uma cerveja mais leve, as mais tradicionais do dia a dia. Mas eu estiver em um outro tipo de clima, em casa com amigos por exemplo, já passa para um estilo diferente. Então cerveja é momento, cada uma se adequando a um ambiente, não somente com a comida.