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“Estamos caminhando para entender que a relevância não é medida em números de curtidas ou de seguidores, mas em resultados em poder de influência”

8 de agosto de 2019

As mídias digitais vieram para ficar. O que elas nos prometem é um mundo mais justo, a partir de uma sociedade mais consciente e engajada. Nesse contexto, “Transformação digital”  é um termo tem ganhado a atenção de empresas de todos os setores ao redor do mundo, é algo pelo qual os negócios de hoje têm de dar o máximo de atenção para continuarem não apenas vivos, mas inovadores.  Pensando nisso, a  Yellow Social Marketing promoveu a primeira edição do evento Nordes, no restaurante Matutino, em João Pessoa, abrangeu os mais diversos temas da atualidade.

O Paraíba Total conversou com um dos palestrantes do evento, Felipe Maia, fundador da Berlim Digital, uma empresa pernambucana fomentadora em comunicação, marketing e inovação, foi o escolhido para inaugurar o projeto com a palestra “Consciência Digital – Um panorama do uso das mídias digitais . Durante a entrevista, ele comentou sobre a relação das empresas com a tecnologia e seus desafios e ainda destacou que há motivos de sobra para investir nisso agora.

Confira a baixo os detalhes da conversa. 

Com relação à internet, número de seguidores, pessoas fazendo clicks toda hora, você acha que nós ainda estamos nessa fase do deslumbramento?

Existe sim, esse deslumbramento, mas cada vez mais a gente tá chegando a uma fase de amadurecimento, tanto da percepção da parte das empresas na hora de escolher um influenciador, por exemplo, como a percepção das marcas, das plataformas. O Instagram recentemente anunciou o fim dos likes das publicações. A gente teve esse deslumbramento, mas cada vez mais estamos caminhando para um momento mais maduro do mercado, das agências e usuários. Estamos caminhando para entender que a relevância não é medida em números de curtidas ou de seguidores, mas em resultados que devem ser medidos em poder de influência, como aquela pessoa está alinhada com a sua marca e a possibilidade de mobilizar pessoas. O poder de influenciar é muito mais do que número de curtidas. O que importa é o resultado, muito mais do que métricas de vaidade.

A propaganda ainda subutiliza o meio digital?

Muitos mercados e, provavelmente, João Pessoa, funcionam de forma parecida, ainda com uma subutilização de mercado, do que a mídia digital pode entregar. O que acontece é muita gente utilizando o post patrocinado no Facebook e Instagram. Os dois tem seu valor e servem para alguns objetivos que podem ser alcançados, mas o ideal é que a gente entenda muito mais esse universo para utilizar outras plataformas que pode até ter resultados mais eficientes. A gente tem a plataforma de anúncios do Wase, do Linkedin, anúncios no YouTube, no IN Loco Media, que é uma empresa de Recife mas que tem escala global porque faz anúncios geolocalizados, o campo é muito amplo com vários formatos de sedimentar o seu cliente. Ideal é entender para explorar de forma mais assertiva,  para que você explore mais e melhor a verba do cliente, e não ficar focado só nos mais fáceis.

Vai chegar o tempo que vamos pedir uma pizza e a atendente vai saber tudo sobre a nossa vida?

Cada vez mais, sim, as empresas vão ter acesso a mais informações sobre as nossas vidas, e essas informações podem ser utilizadas tanto para um direcionamento de publicidade como para entendimento de comportamento. Nos Estados Unidos, por exemplo, empresas de plano de saúde analisam diversos fatores de sua vida pessoal para definir o valor a pagar, de acordo com o seu comportamento. A gente tem cada vez mais a Internet das coisas nas nossas vidas. Eu gosto quando isso é utilizado para um bem social. Uma assistente pessoal de inteligência artificial poderia indicar até os riscos que a gente tá correndo, por exemplo, consumindo um produto. 

O desafio é saber quando isso é invasão de privacidade…

Essa questão vem sendo discutida no mundo inteiro, esse limite com nossos dados. A LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados está sendo implementada e acho que vai ser muito benéficas para a publicidade Mas a gente vê outras regulamentações feitas por pessoas que não entendem o meio digital, como por exemplo, o artigo 13 na Europa, teoricamente de proteção aos direitos autorais, mas que na prática não vai funcionar. A CEO do YouTube já avisou que vai desligar o YT na Europa se isso entrar em vigor. Basicamente qualquer pessoa poderia processar o YouTube por direitos autorais. Espero que isso não vá prá frente.

Fala um pouco sobre a realidade aumentada.

Realidade aumentada é quando a gente tem uma extensão do mundo físico. Pela tela do meu celular eu já posso ver nosso plano e mais uma camada virtual, que é o caso do Pokemon Go, que fez popularizar a realidade aumentada,  mas que já existe há tempo. Isso já esta sendo utilizado por empresas de arquitetura, para testar móveis numa casa e o YouTube já anunciou que vai utilizar para testar produtos, como  uma maquiagem. No Google Maps já consigo ver a rua, em Medicina, nas faculdades, ver um corpo e estudar sem a necessidade de ter um cadáver. A realidade aumentada vai fazer parte da nossa realidade, do nosso dia a dia cada vez mais.

Em sua palestra você falou sobre inteligência artificial, automação, internet das coisas. Como você tem percebido, na sua experiência como empreendedor, esse movimento das empresas e das agências de publicidade em relação a essa novidade?

Ainda é pouco utilizada, mas não é por questão das agências não quererem fazer algo, mas sim por questão de custos. Ainda é um valor alto para você produzir algo em realidade aumentada, com inteligência artificial ou com realidade virtual. Não que a gente não consiga usar para as marcas que as agências têm, eu acho que cada vez mais isso está sendo barateado e mais acessível para a população consumir também a tecnologia, mais ainda fica na barreira do valor do desenvolvimento de um projeto ou uma campanha utilizando essas tecnologias. Um projeto em uma realidade virtual aumentada envolve à contratação de uma empresa focada em desenvolver tecnologia, então você tem o custo para desenvolver a tecnologia, o custo de pensar em uma narrativa para desenvolver um projeto que seja realmente eficiente e a contratação dessa empresa. Então de certa forma, o valor não é tão baixo, mas também não é nada que seja inacessível. 

O que você tem percebido como desafio real na nossa realidade aqui no Nordeste. As empresas estão antenadas nessas tendências tecnológicas? 

Nós temos agências no Nordeste que têm clientes com potencial para desenvolver algo relacionado a realidade virtual, como construtoras e shoppings, que eu já vi utilizarem realidade aumentada. Eu acho que ainda não é algo que acontece com tanta frequência mas que vai ser cada vez mais potencializado com o passar do entendimento cada vez mais da tecnologia e do barateamento do processo como um todo.