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“A retomada do Turismo não acontecerá de forma agressiva, mas de forma cautelosa, gradativa, planejada”

15 de junho de 2020

Diante da atual pandemia do
coronavirus, um dos setores mais afetados foi o Turismo, que teve suas atividades
reduzidas a zero e uma queda financeira absurda. Frente a isso, houve um aumento
na necessidade de incentivar o turismo e principalmente o turismo local, como
forma de movimentar a economia após a liberação do isolamento. A PBTur, Empresa
Paraibana de Turismo, teve como iniciativa, juntamente com demais estados e países,
a campanha “Não cancele, remarque!” que incentiva os turistas à não cancelarem suas
viagens, auxiliando assim as empresas aéreas, de viagens e hotéis, além de manter
o sonho vivo, mas apenas remarcado.

O Paraíba Total conversou
com exclusividade, com a jornalista Ruth Avelino, presidente da PBTur, desde o
ano de 2011. Ela é conhecida por realizar uma ampla divulgação do ‘Destino Paraíba’,
por meio da imprensa especializada, o que deu a ela conhecimento nacional devido
a boa comunicação. Além disso, ela é responsável por um amplo trabalho na capacitação
dos agentes do turismo. Na entrevista, Ruth fala sobre os impactos do
coronavirus para o setor, as iniciativas tomadas pela PBTur, o retorno do
seguimento e os aprendizados acumulados atual crise. Confira na integra:

O turismo era um dos setores
mais fortes e crescentes do mundo. Hoje, ele é, talvez, o mais impactado pela
pandemia do novo coronavirus. A senhora concorda com a afirmação?

Concordo completamente. Aqui no
Brasil nós tínhamos uma expectativa muito positiva para o turismo em 2020, porque
o ano de 2019 não havia sido muito bom, por diversos fatores. Entre eles a quebra
da Avianca que fez como que reduzisse o número de vôos e as passagens ficassem
muito caras. Outro fator foi o vazamento de óleo nas praias do nordeste, que
embora não tenha atingido tão fortemente a Paraíba, como outros estados, serviu
como uma divulgação muito negativa no Brasil e no mundo como se todas as praias
do nordeste estivessem contaminadas. Tivemos muitos episódios no ano passado
que prejudicaram muito o turismo nacional, e da Paraíba também. Então em 2020,
a gente tinha muitas expectativas e oportunidades, e infelizmente o coronavirus
veio e acabou com tudo isso, o setor de Turismo está reduzido a zero no Brasil
e em todo o mundo.

A Paraíba tem realizado boas
ações pela internet, na campanha para não cancelar viagens com destino
pra cá. Conte-nos mais sobre esta campanha. 

Quando começou o isolamento social
e tivemos a perspectiva de parada do país, começamos a conversar com secretários
de todos os estados do Brasil e presidentes de órgãos, sobre como seria possível
diminuir o impacto dos cancelamentos naquele primeiro momento. Porque como ninguém
podia mais viajar e os voos estavam todos cancelados, as pessoas também não poderiam
usufruir do que já tinham pago. A partir daí surgiu a campanha “Não cancele,
remarque!”, porque no ato do cancelamento é solicitado o estorno do dinheiro. O
que seria péssimo para as empresas de turismo que já vinham de uma crise. Vale
a pena destacar, que quando o usuário remarca, ele pode aproveitar de tudo o
que foi pago, a passagem aérea, a hospedagem, os passeios.

Então foi uma campanha muito forte,
não só na Paraíba, mas em outros estados, outros países. Outro fator importante
é que o cancelamento traz desanimo, já remarcar mantém o sonho vivo. Na nossa
atual campanha não focamos apenas no “Não cancele, remarque!”, mas por meio das
redes sociais e whatsapp, com foco nos agentes de viagem, operador de turismo,
influenciadores digitais, imprensa, companhia aérea e todos que trabalham promoção
e na venda de um destino, buscamos uni-los nessa divulgação do turismo local.

Como tem sido o trabalho da
PBtur e do Governo do Estado da Paraíba para amenizar os efeitos negativos,
especialmente aos empresários do setor? 

O governo do estado lançou um
pacote econômico em abril para ajudar as empresas paraibanas nesse momento tão difícil.
Foi um programa amplo e obviamente algumas empresas do turismo, bares e
restaurantes, hotéis e pousadas puderam ser beneficiadas com esse pacote econômico,
que é basicamente com relação ao ICMS, contas de água, tentativa de negociação
junto a Energisa com relação as contas de luz dessas grandes empresas. Isso foi
o que o governo trabalhou diretamente nessa parte econômica. Eu na PBTur, junto
com alguns companheiros, lutei unida a Secretaria de Desenvolvimento Humano,
para conseguir cestas básicas para quem atua no turismo e está mais vulnerável,
a exemplo dos guias e transportadores turísticos que são autônomos e ficaram
sem perspectivas. Então o Governo agiu nessas duas frentes, na parte econômica
para as empresas e nós com as cestas básicas para os profissionais liberais que
atuam no setor de turismo.

E para o impacto não ser tão
grande, a PBTur, que é o órgão que eu estou presidindo, continua trabalhando
diariamente, na promoção do destino, para que assim que houver uma retomada
possamos voltar a ter, algum fluxo de turismo aqui na Paraíba, o que sabemos
que não será rápido.

Como a senhora acredita que
será a retomada do segmento? Será unificada? Cautelosa? Agressiva? E vai
começar por onde?  

A retomada do seguimento, pelo
que temos conversado com outros secretários de todo o Brasil se dará no segundo
semestre, nossa primeira estimativa era para julho, mas já sabemos que não será
possível. Então acreditamos que entre agosto e setembro haverá a reabertura, em
retomada muito lenta, gradual e bem local, de forma que as pessoas viagem
dentro do próprio estado. No caso da Paraíba também regional, devido a proximidade
com o Rio Grande do Norte e Pernambuco. Acreditamos que o fluxo entre esses
estados vai ser muito bom para a retomada, porque são viagens que podem ser
feitas de carro, uma vez que a malha aérea foi reduzida em todo o mundo e no Brasil
também.

Atualmente, no Aeroporto Castro
Pinto temos em média quatro operações, dois pousos e duas decolagens diárias, que
antes eram cerca de 24. A retomada dos voos não acontecerá de forma acelerada,
por isso as viagens de carro serão as mais possíveis. As viagens internacionais,
por exemplo, só retornam em 2021. Não voltaremos de forma agressiva, mas o
faremos de forma cautelosa, gradativa e planejada. Os equipamentos, os veículos
precisam estar muito atentos e seguindo protocolos rígidos de higienização e
segurança.

O que o setor turístico leva
como aprendizado com esta crise?

Ao meu ver os aprendizados foram
muitos, para todas as pessoas e todos os setores e para o turismo não é
diferente. Na verdade, o Covid-19 é um vírus que veio de forma muito inesperada,
que parou o mundo inteiro e obrigou todas as pessoas a ficarem em casa. Isso as
levou a repensarem suas vidas, seu trabalho, o relacionamento com as pessoas,
com o mundo e consigo mesmo, e tudo isso vai ser um reflexo para a vida futura,
para o novo normal que vai acontecer.

Eu acredito que é uma lição muito
grande, principalmente pela questão ambiental, o respeito ao meio ambiente, às
pessoas, às culturas locais. O planeta gritou que estava precisando de ajuda e
atenção. E é preciso que a gente tenha mais respeito pela natureza, tendo em vista
que sem ela não somos nada.