logo paraiba total
logo paraiba total

Pesquisa revela que metade dos brasileiros não possuem plano de saúde

16 de agosto de 2013

Os aumentos anuais dos convênios de saúde tornam o serviço inviável para o bolso de muitos brasileiros. Uma pesquisa de opinião encomendada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) mostra que os planos têm virado artigo de luxo: entre os que conseguem pagar pelo item, a maioria tem renda superior a três salários mínimos, grande parte deles pertencentes à classe B.

Além disso, ao contrário do perfil mostrado pelos que não possuem vínculo com operadoras de saúde, a maior parte dos que têm o convênio são trabalhadores com carteira assinada. A pesquisa, que levantou dados sobre a fidelização dos beneficiários às operadoras, leva em consideração apenas os planos médico-hospitalares — um universo de cerca de 44 milhões de beneficiários — e desconsidera os exclusivamente odontológicos. Foram entrevistadas 3.233 pessoas em todo o país e dessas 1.656, ou 49,8%, não são beneficiárias de convênios médicos.

A parcela dos entrevistados que ficam de fora dos convênios culpam os preços altos. Para 77%, os valores cobrados pelas operadoras vão além do que o orçamento permite. Não fossem os preços, a grande maioria faria, sim, questão de um plano de saúde. Mais de 70% da amostra que afirmou não possuir o item valoriza o serviço e gostaria de tê-lo. 

Desvinculamento 

Ainda segundo a pesquisa, 43% das pessoas que não estão vinculadas à uma operadora já possuíram um plano de saúde, mas deixaram de pagar pelo serviço. O risco de que, com os anos, conveniados deixem os planos em razão da escalada dos preços ou o crescimento do setor seja afetado já é considerado pelas operadoras. O presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Arlindo de Almeida, chegou a afirmar que “vai haver uma dissociação muito grande entre o que a pessoa recebe e o que ela precisa pagar para ter um convênio, e, em algum momento, ela pode não ter mais condições de custear o plano”.

Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), em três décadas as mensalidades dos planos devem sofrer um aumento médio de 163,5% acima da inflação, caso o setor siga o comportamento dos últimos 10 anos. Com isso, o comprometimento da renda dos beneficiários aumentaria 66%.

Risco maior com preço mais baixo 

O chamado miniplano corporativo, formado por grupos com três ou quatro beneficiários, está abrindo caminho mais barato até os convênios médicos e já representa 77% dos planos coletivos comercializados no país. Mas a modalidade que atrai consumidores especialmente pelo preço da mensalidade (podem chegar a custar 50% menos que um plano individual) está na mira das entidades de defesa do consumidor, que classificam os contratos como de alto risco e querem endurecer as regras do setor. Os pequenos convênios têm reajustes livres e podem ser rescindidos de forma unilateral.

No país as micro e pequenas empresas formam um universo de quase seis milhões de negócios que empregam mais de 14 milhões de brasileiros. Menos de 10% desses empreendimentos formais contratam planos de saúde. Com o mercado para lá de promissor, as operadoras desenharam produtos específicos e estão investindo alto. “O risco desses contratos é que eles reúnem o pior dos grandes planos coletivos, que é o reajuste não controlado, e o pior dos individuais, a rescisão unilateral”, diz Joana Cruz, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).