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Morre escritor paraibano e ícone nacional da cultura armorial, Ariano Suassuna

24 de julho de 2014

O escritor paraibano e ícone nacional da cultura armorial, Ariano Suassuna, de 87 anos, faleceu no final da tarde dessa quarta-feira (23), no Real Hospital Português, em Recife-PE. Ariano, que esteve internado e em coma na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do mesmo hospital, após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), na noite da última segunda-feira (21), será sepultado às 16h, desta quinta-feira (24), na capital pernambucana. 

O corpo do também dramaturgo Ariano Suassuna está sendo velado, na manhã desta quinta-feira (24), no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual na capital pernambucana. O velório, iniciado por volta das 23h30 da última quarta (23), ficou aberto durante toda a madrugada, com parentes, amigos e fãs se despedindo. Área em frente ao Palácio foi interditada para os carros, prevendo a circulação do público ao longo do dia.

No ano passado, Suassuna já havia sido internado no mesmo hospital onde faleceu. Em 21 de agosto último, ele sofreu um infarto agudo do miocárdio e foi submetido a um cateterismo. Após ficar seis dias internado, na época o também dramaturgo teve alta, mas voltou à UTI do hospital dois dias depois, no dia 29, vítima de um aneurisma cerebral e foi submetido a uma arteriografia cerebral, resistiu bem e recebeu alta no dia 04 de setembro passado.

Saiba mais sobre esse ilustre paraibano na seção Personalidades do Portal Paraíba Total: https://34.125.82.106/a-paraiba/cultura/personalidades

Sobre Ariano

Ariano Suassuna foi o idealizador do Movimento Armorial, que tem como objetivo criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste brasileiro. Ele nasceu no dia 16 de junho de 1927, no Palácio da Redenção, sede do Governo do Estado, onde seu pai, João Suassuna era o presidente do então Estado da Parahyba. Ariano viveu seus primeiros anos no Sítio Acauhan, no município de Sousa, no Sertão paraibano. 

Aos três anos de idade, em 1930, Ariano passou por um dos momentos mais complicados de sua vida com o assassinato de seu pai, no Rio de Janeiro, por motivos políticos, durante a Revolução de 1930, o que obrigou sua mãe, Rita de Cássia Vilar Suassuna, a levar toda a família a morar na cidade de Taperoá, no Cariri paraibano. 

O acontecimento levou a sua família a fazer várias peregrinações para diferentes cidades, a fim de fugir das represálias dos grupos políticos opositores ao seu falecido pai. De 1933 a 1937, Ariano residiu em Taperoá, onde fez seus primeiros estudos e assistiu pela primeira vez uma peça de mamulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de “improvisação” seria uma das marcas registradas também da sua produção teatral. 

Em 1942, já adolescente, Ariano Suassuna mudou-se para a cidade de Recife, onde passou a residir definitivamente. Posteriormente, Ariano Suassuna concluiu seu estudo superior em Direito (1950) e em Filosofia (1960). 

Ariano Suassuna estreou seus dons literários precocemente no dia 07 de outubro de 1945, quando o seu poema Noturno foi publicado em destaque no Jornal do Comércio do Recife. Na Faculdade de Direito, conheceu Hermilo Borba Filho, com quem fundou o Teatro do Estudante de Pernanbuco. Em 1947, escreveu sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol. Em 1948, sua peça Cantam as Harpas de Sião (ou o Desertor de Princesa) foi montada pelo Teatro do Estudante de Pernambuco. Seguiram-se Auto de João da Cruz, de 1950, que recebeu o Prêmio Martins Pena, o aclamado Auto da Compadecida, de 1955, O Santo e a Porca – O Casamento Suspeitoso, de 1957, A Pena e a Lei, de 1959. 

Entre 1951 e 1952, volta a Taperoá, para curar-se de uma doença pulmonar. Lá escreveu e montou Torturas de um coração. Em seguida, retorna à Recife, onde, até 1956, dedica-se à advocacia e ao teatro. Em 1955, Auto da Compadecida o projetou em todo o país. Em 1962, o crítico teatral Sàbato Magaldi diria que a peça é “O texto mais popular do moderno teatro brasileiro”. Sua obra mais conhecida, já foi montada exaustivamente por grupos de todo o país, além de ter sido adaptada para a televisão e para o cinema. 

Suassuna fundou, em 1959, o Teatro Popular do Nordeste, e foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura, em 1967. O paraibano também foi Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, no governo de Miguel Arraes (1994-1998), e da Assessoria Especial do Governo de Pernambuco.

Atualmente, ele era o sexto ocupante da Cadeira de Nº 32 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 03 de agosto de 1989, na sucessão de Genolino Amado e recebido em 09 de agosto de 1990 pelo acadêmico Marcos Vinicios Vilaça.