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Tempo de procura por novo emprego está mais longo

25 de julho de 2014

Aumentou o número de brasileiros que ficam mais tempo na fila do desemprego. O grupo de quem está há mais de um ano à procura de recolocação profissional saltou de 12,8% do total de desocupados, em abril do ano passado, para 17,4% em abril deste ano.

Os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), embutidos na PME (Pesquisa Mensal de Emprego), foram consolidados em uma série histórica pelo Banco Central. Na prática, avaliam especialistas, a tendência reflete uma economia menos dinâmica e um mercado de trabalho que começa a perder a robustez.

Esse fenômeno, dizem, antecede o achatamento de salários, transforma o trabalhador em alguém “menos empregável” por perda de qualificação e expõe um problema da economia: a geração de postos de maior qualificação estagnou e mesmo o surgimento de vagas com menores exigências ocorre em ritmo aquém do necessário para absorver a mão de obra.

Esse dado sobre o tempo de espera em busca de emprego é parte do questionário que o IBGE usa ao pesquisar a taxa de desemprego. E tem correlação com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que há alguns meses mostra aumento do fechamento de postos e um ritmo de criação de vagas mais tímido. Esse recorte também tem relação com o nível da atividade: se a economia está mais fraca, quem busca trabalho demora mais tempo para se recolocar. O nível de investimentos no País também influencia os números: se os projetos não saem da gaveta, não são abertas vagas e o desempregado demora mais para se recolocar.

Diagnóstico

Especialistas apontam a fraqueza da economia e o adiamento de investimentos como motivos principais para esse fenômeno. “A economia está gerando pouco emprego. O baixo crescimento do País afetou o mercado de trabalho”, avalia José Márcio Camargo, professor da PUC-RJ e economista-chefe da Opus Investimentos.

Apenas em junho, o comércio fechou 7.070 vagas, apontou o Caged. A construção civil acabou com 12.041 vagas e a indústria de transformação, com 28.553. Enquanto o grupo que está há mais de um ano à procura de trabalho cresceu, a fatia dos que ficavam menos tempo na fila do desemprego encolheu. Nos quatro primeiros meses de 2013, a fatia da população desempregada à procura de recolocação era, em média, de 24,36%. Em igual período de 2014, a taxa caiu para 22,68%.

O mesmo ocorreu com os que esperavam entre 31 dias e 6 meses: esse grupo recuou de 56,13% dos desocupados para 52,55%. Esse índice que deixou as filas mais rapidamente teria migrado para aquelas de maior duração. “Quanto mais tempo a pessoa fica fora do mercado mais difícil será para ela se recolocar”, diz Camargo.