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Mulher no Brasil ainda estuda mais e ganha menos

31 de outubro de 2014

As mulheres brasileiras estão esperando mais para ter filhos e assumindo mais o comando da casa. Em comparação com os homens, elas continuam estudando mais, e em regiões como o Nordeste, chegam a colocar mais dinheiro em casa. As informações estão em estudo divulgado nessa sexta-feira (31) pelo IBGE e foram organizadas com base no Censo 2010. Os dados mostram avanços importantes, mas também apontam pontos de desigualdade.

O rendimento delas, por exemplo, continua menor que o deles, mesmo quando ambos trabalham na mesma área. No setor de serviços, as mulheres ganham pouco mais da metade do que ganham os homens.

Outra dificuldade que permanece é a falta de creches. O estudo mostra que as mães que têm seus filhos na creche têm muito mais chance de continuar no mercado de trabalho.

Veja a seguir cinco pontos que ajudam a entender o perfil das mulheres brasileiras e que permitem traçar a linha entre o que já foi conquistado por elas e o que ainda precisa ser alcançado.

1 – Filhos só depois dos 30 anos

A proporção de mulheres entre 15 e 34 anos com filhos diminuiu consideravelmente. Entre as adolescentes (de 15 a 19 anos), o número caiu de 14,8% em 2000 para 11,8% em 2010 ( menos 3 pontos percentuais).

Porém, a maior queda aparece no grupo das jovens adultas entre 25 e 29 anos. Nesta faixa etária, o número de mães caiu de 69,2% em 2000 para 60,1% em 2010 (menos 9 pontos percentuais). Veja o gráfico:

2 – Nordestinas do campo são as que mais colocam dinheiro em casa

Em média, as mulheres brasileiras são responsáveis por 40,9% da renda familiar total. No entanto, os dados podem variar bastante de acordo com as regiões do país e a situação do município.

O mapa a seguir mostra a proporção da renda da mulher de acordo com o município. Os locais mais escuros são aqueles em que as mulheres participam com uma fatia maior do rendimento familiar. 

É possível ver uma diferença grande entre Nordeste e Centro-Oeste, por exemplo. Essa diferença é puxada principalmente pelas mulheres que vivem na zona rural. 

No Nordeste elas respondem em média por 51% da renda familiar, ou seja, contribuem mais que os homens. Enquanto isso, no Centro-Oeste, elas contribuem com 26,8%.

3 – Mais mulheres estão no comando em casa

O número de domicílios que têm uma mulher como responsável cresceu bastante. Em 2000, elas eram responsáveis por 24,9% das residências. Dez anos depois este número cresceu para 38,7% (mais 13,7 pontos percentuais).

Essa variação é bem diferente se olharmos para as regiões urbanas e rurais. Nas cidades, a proporção entre homens e mulheres responsáveis pelo lar era de 72,7% (homens) a 27,3% (mulheres), em 2000. Dez anos depois a diferença foi reduzida para 59% a 41%.

Já no meio rural, 87,6% das residências eram de responsabilidade dos homens, contra apenas 12,4% das mulheres, em 2000. Em 2010, a diferença continuou grande, mas diminuiu: ficou em 74,5% a 25,1%.

Os mapas abaixo mostram essa variação, de acordo com o município, no período de dez anos. Quanto mais escuro, mais mulheres no comando da casa.

4 – Elas continuam estudando mais e ganhando menos

Não é novidade que as mulheres estudam mais do que os homens. Essa é uma tendência verificada há anos e não é diferente agora: segundos dados IBGE, a proporção de mulheres com idade entre 18 e 24 que estavam no ensino superior em 2010 é de 15,1%, contra 11,3% dos homens.

Apesar disso, elas continuam recebendo menos do que eles, mesmo quando atuam na mesma área. 

De acordo com o IBGE, os homens que trabalhavam no setor de serviços em 2010 tinham rendimento médio de R$ 4.078,00. As mulheres que atuavam no mesmo setor ganhavam em média R$ 2.171,20, ou seja, pouco mais da metade do que eles ganhavam (53,2%). 

5 – Falta de creches ainda impede a mãe de trabalhar

O estudo também mostra que, na hora de se inserir no mercado de trabalho, uma das principais dificuldades para a mulher é ter onde deixar os filhos pequenos.

Segundo o IBGE, as mulheres que conseguem vagas para seus filhos em creches têm nível de ocupação muito maior do que aquelas que não conseguem.