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Sem mão de obra qualificada, produtividade não avança no Brasil, mostra Ipea

20 de novembro de 2014

O desenvolvimento tecnológico ocorrido no Brasil de 1990 até 2009 fez com que o setor industrial elevasse sua eficiência em praticamente todas as suas atividades, mas parou de transferir essa eficiência depois de 1999. Essa seria uma resposta possível para o avanço lento da produtividade da indústria brasileira – a capacidade de produzir mais em um menor espaço de tempo.

Essa é umas das conclusões do estudo “Produtividade no Brasil – Desempenho e Determinantes”, divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgãos estratégicos ligados à Presidência da República.

O levantamento aponta que tal comportamento provavelmente se deve a um uso pouco adequado do fator trabalho. “Os motivos que levariam a esse uso pouco adequado do fator trabalho não passam por custos do trabalho em si, mas por uma organização do trabalho mais eficiente na produção e/ou uma alocação dos indivíduos trabalhadores [com suas respectivas capacidades] nas empresas onde de fato suas características seriam melhor aproveitadas mas com validade para todas as demais.”

Ou seja, o Brasil precisa avançar na qualificação da mão de obra. É consenso entre economistas que a solução para essa questão é melhorar a educação para conseguir atender demandas tecnológicas e elevar o nível de instrução e produtividade do trabalhador. “A queda da produtividade parece advir de inadequação de uso do fator trabalho, não de uma ineficiência técnica problemática ou irreversível.”

A mudança estrutural, ou seja, a mudança de importância relativa entre as atividades, também desempenha um papel importante na evolução da produtividade por meio, dentre outros fenômenos, do deslocamento da mão de obra dos setores menos produtivos para os setores mais produtivos.”

Quem é exceção

Segundo o estudo, a agroindústria e a indústria química são exceções e registram ainda uma elevação da produtividade. Coincidência ou não, esses dois setores avançam influenciados por multinacionais que têm seus negócios sendo revolucionados por tecnologia de ponta, com maquinários guiados por GPS, planilhas de alta complexidade, por exemplo.

No entanto, há no material outras conclusões que tentam solucionar enigmas econômicos estruturais que fariam parte da “armadilha do lento crescimento” vivida pela economia nacional.

O estudo foi planejado pela gestão do ministro Marcelo Neri (titular da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República) – economista e fundador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV), onde atuou por 12 anos, período no qual produziu estudos sobre o surgimento da nova classe média brasileira, com a ascensão da classe baixa à classe média, em decorrência da ascensão de mobilidade de renda das classes C e D.