logo paraiba total
logo paraiba total

81% dos brasileiros trocam de celular antes de recorrer a assistência técnica

26 de novembro de 2014

A aposentadoria precoce dos eletrônicos é cada vez mais frequente, tendo como carro-chefe os smartphones e celulares, substituídos por inúmeras razões em cada vez menos tempo. Há quem diga que foram feitos para durar menos, ou quem sustente que as novas funções dos aparelhos que os desgastam mais rápido, mas todos concordam que a duração de baterias, por exemplo, caiu drasticamente. O tempo de vida útil dos aparelhos eletrônicos, eletroeletrônicos e eletrodomésticos coloca em pauta a obsolescência programada, fazendo com que o consumidor descarte mais em menos tempo.

Em recente pesquisa feita pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), constatou-se que 81% dos brasileiros trocam de aparelho celular sem antes recorrer à assistência técnica e em menos de três anos de uso. O principal motivo de descarte e substituição dos aparelhos, indicado pela pesquisa, é a obsolescência programada, fazendo com que um a cada três celulares e eletroeletrônicos sejam substituídos por apresentarem defeitos ou deixarem de funcionar.

“Podemos observar também a obsolescência psicológica, quando os consumidores trocam de produtos mesmo que ainda não apresentem defeitos, estimulados pela rápida substituição dos modelos do mercado”, analisou o pesquisador João Paulo Amaral, responsável pela pesquisa do Idec.

Os mais influenciados pela obsolescência psicológica são os jovens. A troca de celular costuma ser feita quando o modelo seguinte é lançado (cerca de um ano depois da aquisição dos aparelhos atuais). “Queremos o modelo mais novo, menos ultrapassado possível. Meu último celular durou quase dois anos, mas vendi para comprar outro mais novo e já tenho planos para comprar outro quando este ficar ultrapassado ou começar a apresentar defeitos”, explicou o estudante de Design Jonas Chagas.

Também foram observadas pelo Idec as diferenças de comportamento entre as classes mais baixas e as mais altas. As classes mais baixas tendem a substituir mais facilmente os equipamentos por problemas de funcionamento (66%, contra 53% na população geral), enquanto as classes mais altas substituem para adquirir atualização tecnológica (59%, contra 46% da população geral).

Mas os tipos de consumidores se unificam quanto ao descarte: a maioria doa, vende ou guarda os itens, mesmo tendo a consciência de que estes produtos podem ser reaproveitados por terceiros.

Pontos para coleta

A questão do descarte de eletrônicos é o que mais preocupa especialistas. Quando os consumidores optam por jogar fora baterias, carregadores, acessórios e até os próprios itens completos, geralmente escolhem o lixo reciclável ou lixo comum, deixando para a minoria a escolha de descartar em pontos de coletas específicos para esse tipo de produto.

Em João Pessoa, o Centro de Coleta de Resíduos Eletrônicos da Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur) é o responsável pela coleta desse tipo de lixo. Só no mês de outubro, foram recolhidas oito toneladas de lixo eletrônico na capital, e a média mensal fica em torno de três toneladas, segundo a Emlur.

A empresa Ecobras, especializada nesse tipo de trabalho, recolhe o lixo quando o centro atinge sua capacidade, enviando os resíduos para São Paulo, onde cada material é encaminhado para sua destinação final, visando ao reaproveitamento.

A preocupação com o descarte desse tipo de lixo é válida: eles possuem materiais pesados (cromo, cobre, chumbo, bário e silício são exemplos), que podem contaminar o solo, prejudicando recursos hídricos e até a saúde do homem. Descartados no local adequado, esses materiais prejudiciais podem ser separados e o que sobra pode ser reutilizado por terceiros, estimulando o setor de reciclagem no país.

Além do centro, existem na capital outros pontos menores de descarte de lixo eletrônico. A escola de idiomas CNA Ruy Carneiro, localizada na avenida de mesmo nome, é um deles.

“Fomos um dos primeiros aqui da capital a fazer essa parceria com uma empresa de recolhimento de lixo eletrônico e já virou um hábito dos nossos alunos e seus parentes descartarem os resíduos aqui, principalmente baterias”, afirmou o diretor Pepe Lúcio.

Além desses pontos, a rede Qualitech também realiza o recolhimento de alguns itens eletrônicos em todas as suas lojas, e o caminhão cata-treco (serviço de coleta da prefeitura) pode recolher também os eletroeletrônicos e eletrodomésticos, evitando que sejam descartados em vias públicas.