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Recuo em número de empregos ficará abaixo de 1% este ano

31 de março de 2015

Estimativas da LCA Consultores apontam que haverá saldo negativo de 29 mil para novos postos de trabalho gerados neste ano. Isso significa que as novas vagas de emprego serão encerradas em número maior do que as geradas. A previsão é feita com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

“Os setores que mais perderão empregos serão a construção civil e a indústria, reforçando um movimento que começou a se acentuar em 2014. Mas vejo esse ano como uma exceção. Acredito que haverá melhora após o ajuste da economia ao longo deste ano. No médio prazo, a partir de 2016, essa tendência deve mudar para um quadro positivo, mas não chegaremos aos excelentes resultados do período de 2005 até 2008, com geração de novas vagas na casa do milhão”, analisa Fábio Romão, economista da LCA Consultores.

Na previsão da LCA, a construção civil fechará 202 mil postos, seguida pela indústria (encerramento de 160 mil vagas neste ano, ante 186 mil encerradas no ano passado) e agropecuária fechando 35 mil (ante fechamento de 21 mil em 2014). No campo positivo, mas em desaceleração, devem ficar o comércio (com 77 mil vagas geradas, ante 125 mil em 2014) e o setor de serviços, que deve desacelerar para criação de 292 mil postos.

Para a consultoria Tendências, o número de vagas fechadas vai crescer mais proporcionalmente neste ano com queda estimada de 0,8% em 2015 – com fechamento total de 186 mil postos na seis regiões pesquisadas pelo IBGE –, ante um resultado negativo de 0,1% em 2014, quando foram fechadas 107 mil vagas. Os dados utilizados para a análise são da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em seis regiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre e Salvador).

“A expectativa é que 2015 tenha um movimento no mercado de trabalho parecido com 2014, mas com agravamento no recuo no número de vagas nos setores de construção civil e indústria, que foram muito mal no ano passado. A novidade negativa deve ser o setor de serviços”, avalia Rafael Bacciotti, economista da consultoria Tendências. 

“Esse aumento percentual terá impacto em toda economia e reflexo maior nos setores que vêm perdendo ritmo fortemente, como a indústria e a construção civil. Percentualmente, há uma aceleração significativa no fechamento das vagas. O impacto será grande”, espera Bacciotti.

A retrospectiva que serve de base para a estimativa da Tendência é desalentadora. A indústria recuou de 3,5 milhões de empregados, em 2013, para 3,4 milhões no ano passado (queda de 2,8%). Já na construção civil, o recuo foi menos ruim, ao passar de 1,78 milhão de empregos para 1,69 milhão, em 2014 (queda de 1,8%). “A retração do nível do emprego nesses dois setores foi muito maior que a redução geral em 2014, de 0,1%.” Bacciotti afirma que o setor de serviços não deve chegar ao campo negativo, mas perde força, ao crescer apenas 1,9% em 2014 de 8,05 milhões vagas em 2013 para 8,22 milhões em 2014.

José Romeu Ferraz Neto, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), lembra que neste ano, a construção já acumula um saldo negativo de 42 mil empregos. “A queda [do emprego e do PIB] tem atingido todos os segmentos e até o final do ano a expectativa é de corte de mais 300 mil postos”, afirma Ferraz Neto. Para ele, caso o PIB brasileiro em 2015 seja negativo em 1,5%, “o PIB da construção deverá recuar 5,5%”.

Desocupação e população economicamente ativa

No ano passado, a taxa de desocupação se manteve em níveis baixos, em 4,8% (dados da PME), mas a expectativa da Tendências é de que ocorra uma mudança acentuada, subindo para 6,3%, com o mercado de trabalho recuando para o patamar entre 2010 (6,7%) e 2011 (6%).

“Há um claro movimento de paralisação da atividade econômica e o mercado de trabalho não conseguirá fugir dessa onda negativa. Os setores têm excedente de pessoal e estoques altos”, explica Romão da LCA.

Já os dados da PME mostram uma desaceleração na taxa da População Economicamente Ativa (PEA). Em 2013, a PEA era de 23.3 milhões e reduziu para 23,2 milhões, com 106 mil pessoas a menos. A expectativa da Tendências é que a PEA chegue a 23 milhões no fim deste ano, com recuo de 186 mil pessoas a menos ante 2014.