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Menos produção e mais custo deixam alimentos 30% mais caros na Paraíba

23 de maio de 2016

A Pesquisa Mensal de Previsão e Acompanhamento da Safra Agrícola da Paraíba, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou queda de 38,4% na produção de leguminosas, oleaginosas e cereais em abril, em relação à previsão estabelecida pelo órgão em janeiro deste ano. Com exceção do feijão, arroz e milho, cujos preços praticados no mercado local dependem do desempenho da produção nacional, algumas mercadorias poderão ficar 30% mais caras no segundo semestre, em virtude dessa baixa na produtividade.

Em janeiro, a estimativa era de que a produção agrícola do Estado fosse atingir 178.310 toneladas. No entanto, em abril, a produtividade foi de 109.701 toneladas. As mercadorias que apresentam os maiores declínios na produção foram: arroz (-84,7%), milho (-38,4%), feijão (-37,9%), tomate (-19%) e fava (-17%) e amendoim (-8,7%).

Houve queda também na área explorada, que agora está 18,9% menor que a contabilizada em janeiro. A superfície cultivada no Estado caiu de 227.619 hectares para 184.437 hectares.

O supervisor de Agropecuária do IBGE, José Rinaldo Sousa, afirmou que a irregularidade das chuvas foi a principal causa para esse desempenho negativo da produtividade agrícola do Estado. No entanto, no caso de alguns produtos, a elevação do custo da produção, a falta de crédito rural e a dificuldade de comercialização das mercadorias também contribuíram para esse resultado ruim.

Mercado

Como a produtividade de algumas frutas também foi baixa, o preço deve subir no segundo semestre, pois o mercado local vai precisar ser abastecido com produtos provenientes de outros estados.

“Como a produção de feijão, milho e arroz da Paraíba é mais destinada ao consumo das famílias, só haverá aumento significativo no preço desses alimentos se a produção nacional apresentar queda”. José Rinaldo Sousa. Supervisor de Agropecuária do IBGE.

Alta dos gastos reduz produção

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção de abacaxi ficou 1,4% menor devido à elevação de custos do preço das terras arrendadas para o cultivo, da mão de obra e dos insumos (defensivos e fertilizantes). Com isso, o Estado perdeu 1,6% de área destinada ao cultivo da fruta.

“Pequenos produtores dos municípios de Mari, Rio Tinto e Marcação reduziram o plantio por causa do alto custo da produção, o que acabou refletindo nesses resultados negativos”, explicou supervisor de Agropecuária do IBGE, José Rinaldo Sousa.

A mandioca também teve sua área de colheita reduzida em 15,09%. Com isso, a produção ficou 14,39% menor em abril, em comparação ao mês de janeiro deste ano. A previsão em janeiro era colher 177.068 toneladas da raiz, no entanto, em abril, a produção totalizou 151.588 toneladas.

A produção de laranja foi menor, porque, segundo o IBGE, os pequenos produtores dos municípios de Bananeiras, Boqueirão e Matinhas substituíram o cultivo da fruta pelo limão. “Mas a área de cultivo da laranja na Paraíba é muito pequena, o abastecimento local é feito em sua maioria por outros estados”, explicou Sousa. A área plantada de coco ficou bem próxima da cultivada no ano passado, em torno de sete mil hectares. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), Mário Borba, afirmou que a cultura ainda é importante para a fruticultura paraibana, embora o Estado não se destaque mais no País como produtor do fruto.

Feijão. O comerciante, Antônio Carlos Rodrigues, que tem um box de cereais no Mercado Central, comentou que, mesmo sendo pequena, a produção local costuma impactar no preço de cereais que são vendidos nas feiras.

“O preço do feijão só sobe se a colheita for realmente muito ruim. Por aqui, a gente ainda não sentiu esse resultado. Então, a tendência é que o preço do quilo permaneça o mesmo ou até reduza”, afirmou.

“O aumento é inevitável, porque os comerciantes repassam para o consumidor os gastos com o transporte das mercadorias”, disse o economista do Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual, Geraldo Lopes. Segundo ele, o grau da elevação vai depender da colheita de mercadorias no Centro-Sul.

Colheita do milho menor

O ciclo anual do milho no Sertão paraibano já foi encerrado e, por lá, a colheita foi 38,5% menor. Segundo o supervisor de Agropecuária do IBGE, José Rinaldo Sousa, essa redução foi provocada pela má distribuição da chuva durante a fase de floração da cultura, que ocorre durante o mês de março. Com isso, até agora, a disponibilidade de milho para o São João será menor na Paraíba.

No entanto, se a chuva continuar regular até o mês de junho no Agreste do Estado, essa situação poderá se revertida. Caso esse prognóstico se confirme, a colheita do milho será suficiente para suprir o mercado local e refletirá na oferta e, consequentemente, na queda do preço do cereal. Além disso, essa expectativa poderá alterar o volume produzido de milho no Estado.

Clima

Com a estação chuvosa se encerrando na parte oeste [Sertão] e a previsão de precipitações regulares no leste da Paraíba até o final de agosto, a estimativa é que o volume produzido, em 2016, alcance 62.601 toneladas.