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Especialista mostra que Reforma da Previdência pode obrigar brasileiro a trabalhar mais

24 de maio de 2016

Não será fácil. O presidente em exercício Michel Temer tentará apresentar em prazo recorde uma proposta para fixar a idade mínima para a aposentadoria, atingindo trabalhadores que estão na ativa. A regra já foi instituída em boa parte do mundo para fazer frente a longevidade e parece irreversível, mas preocupa porque pode afetar principalmente aqueles contribuintes que começaram a trabalhar muito cedo. Em média o brasileiro se aposenta aos 54 anos de idade e uma regra que estendesse a aposentadoria para os 60 anos até os 65 anos, faria o tempo de trabalho crescer perto de 10 anos.

Além do debate se acirrar sobre uma regra de transição que preserve aqueles que começaram a trabalhar muito cedo, antes mesmo de completarem 18 anos, e que agora vão enfrentar a mudança das regras do contrato, a idade mínima também vai desafiar o brasileiro a ficar mais tempo ligado ao mercado de trabalho formal, contribuindo para a Previdência Social, o que para muitos não é uma tarefa fácil

“A sociedade contemporânea, atualmente, vive o fenômeno da fragilização da segunda metade da carreira. Esse problema somado a idade mínima coloca em risco a aposentadoria dos idosos do futuro, de quem tem hoje 20, 30, 40 anos. Uma reforma da Previdência deveria considerar as metamorfoses do mercado de trabalho”, diz Jorge Felix, especialista em economia da longevidade e pesquisador do tema na PUC-São Paulo.

Felix aponta que o mercado de trabalho é uma variável vital no estudo das mudanças previdenciárias. “As empresas demitem cada vez mais funcionários com 45, e 50 anos que acabam se tornando empreendedores, consultores, trabalhadores precarizados de várias formas. A primeira providência que tomam, os de mais baixa renda, é interromper a contribuição à previdência.

“O resultado disso, com base em outros países pesquisados pelo especialista, é que o trabalhador, aos 60 anos, fica sem alcançar a elegibilidade para a aposentadoria, perdendo o direito e sobrecarregando a Assistência Social.” Dentre as discussões para reformar o sistema travadas em Brasília, uma estratégia seria compensar quem começou a trabalhar cedo. “Sem isso criaremos mais desigualdade social por meio do sistema previdenciário”, alerta o especialista