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PIB do Brasil recua 0,6% no 2º trimestre de 2016

31 de agosto de 2016

No segundo trimestre deste ano, a economia brasileira continuou em queda. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 0,6% em relação ao trimestre anterior. É o sexto trimestre seguido de queda. Em valores correntes, o PIB chegou a R$ 1,5 trilhão.

Entre os setores cujos desempenhos entram no cálculo do PIB, a agropecuária registrou a maior queda, de 2%, seguida pelos serviços, que recuaram 0,8%. Apenas a indústria, que vinha apresentando resultados seguidamente negativos, teve uma leve alta de 0,3%.

“É interessante notar que, pelo lado da oferta, dessa vez a gente teve uma indústria negativa. Ela vinha negativa e, pela primeira vez em cinco trimestres, ela virou. Mas é importante falar que é variação, não podemos chamar de crescimento”, explicou Claudia Dionísio, gerente de contas trimestrais do IBGE.

Do primeiro para o segundo trimestre, os investimentos voltaram a crescer, depois de dez quedas seguidas. A Formação Bruta de Capital Fixo, como a taxa de investimentos também é conhecida, cresceu 0,4%.

Por outro lado, o consumo das famílias, que durante anos colaborou com o crescimento da economia, recuou pelo sexto trimestre seguido. De abril a junho, a baixa foi de 0,7%. Os gastos do governo também diminuíram. A retração foi de 0,5% frente ao primeiro trimestre deste ano.

No cálculo do PIB, também são considerados os números referentes ao setor externo. As exportações, por exemplo, cresceram 0,4%, em ano de valorização do dólar sobre o real. Em compensação, as importações cresceram 4,5%.

Tombo em cima de 2015

Quando os números do segundo trimestre são comparados com os do mesmo período de 2015, os resultados são bem mais negativos. Nessa base de comparação, o PIB caiu 3,8%.

O recuo na agropecuária chegou a 3,1%, influenciada, principalmente, segundo o IBGE,  pelo desempenho negativo da produção de milho (-20,5%), arroz (-14,7%), algodão (-11,9%), feijão (-9,1%) e soja (-0,9%).

Já a indústria, ao contrário da leve recuperação que mostrou do primeiro trimestre para o segundo, sofreu uma queda de 3%, puxada pela indústria de transformação, que produz máquinas e equipamentos, teve uma redução de 5,4%. Dentro do setor fabril, a construção também caiu 2,2% e o segmento extrativo mineral recuou 4,9%.

O setor de serviços, nessa base de comparação, foi o que sofreu maior redução: de 3,3%. O comércio sofreu contração de 7,4% e os serviços de transporte, armazenagem e correio, de 6,5%.

O consumo das famílias caiu 5%, sob influência da inflação, dos juros, do crédito mais restrito, da queda do emprego e da renda ao longo do período, conforme aponta o IBGE. Seguindo a mesma tendência, os gastos do governo recuaram 2,2%.

Os investimentos também tiveram redução nessa base de comparação. Pelo nono trimestre seguido, a Formação Bruta de Capital Fixo recuou. Desta vez, a queda foi de 8,8%.

Na análise do setor externo, as exportações avançaram 4,3% e as importações caíram 10,6%, “ambas influenciadas pela desvalorização cambial de 14,3% e pelo desempenho da atividade econômica registrados no período”.

Previsões pessimistas

As previsões divulgadas já indicavam que o resultado seria negativo. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que tenta “antecipar” o resultado do PIB, projetou, há duas semanas, uma queda de 0,53% no segundo trimestre deste ano.

Para 2016, os economistas do mercado financeiro preveem que o nível de atividade neste ano feche em queda de 3,2%, segundo o boletim Focus, também do BC, mais recente.

A projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) está em linha com a do mercado brasileiro. Em relatório divulgado julho, o fundo disse esperar que a economia brasileira “encolha” 3,3% em 2016.