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Natura diz que seguirá ajustando mix de produtos e focando em itens mais competitivos

27 de outubro de 2016

A Natura seguirá ajustando seu mix de produtos nos próximos meses, bem como a alocação de seus investimentos, conforme busca estabilizar e retomar o crescimento na operação brasileira o quanto antes, afirmaram executivos da fabricante de cosméticos em teleconferência com analistas nesta quinta-feira (27).

“Nós estamos fazendo escolhas ainda mais precisas, para que aqueles itens que neste momento têm melhor condição de competir sejam mais apoiados”, afirmou o novo diretor-presidente da companhia, João Paulo Ferreira. Ele disse que seguirá havendo mudanças no mix no curtíssimo prazo e em 2017.

Na noite da véspera, a Natura divulgou queda de 4,7% na receita líquida consolidada, para 1,9 bilhão de reais, pressionada pelo desempenho das operações no Brasil, onde a receita líquida consolidada caiu 7,1%, para 1,266 bilhão de reais.

Por volta das 13h05, as ações da companhia recuavam 4,5%, a R$ 30,56 .

De acordo com a vice-presidente de Marketing da companhia, Andrea Álvares, há “bons sinais’ de que as iniciativas como investimentos em marcas icônicas da Natura e o relançamento de linhas como a EKOS, estão na direção correta.

O desempenho das lojas físicas também é motivo de “bastante satisfação” da companhia, com quatro unidades próprias abertas desde abril de 2016 em shoppings na cidade de São Paulo. A previsão é de abrir a quinta loja em novembro e a intenção da companhia é “crescer aceleradamente” nesse canal.

Em relação à presença dos produtos em farmácias, Andrea Álvares disse que não há intenção no momento de ampliar o portfólio, além da marca Soul já presente e da marca TEZ que está em fase de testes.

De acordo com Ferreira, a Natura está dedicando toda a sua energia para ajustes de curto prazo, com preços, promoções, comunicação, usando toda a extensão de seu portfólio para trazer resultados o quanto antes. “Temos trabalhado para a recuperação de volumes (de vendas) no curto prazo”, afirmou.

Ele disse estar confiante na transposição do atual momento turbulento no Brasil, afirmando acreditar que a empresa vai passar por esse período mais rapidamente, protegendo caixa e aumentando a competitividade.

CAIXA

A Natura também avalia que tem todas as ferramentas para recuperar os patamares de geração de caixa de 2015, de acordo com o vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da empresa, José Roberto Lettiere,

A geração de caixa livre no nos três meses até setembro somou 138 milhões de reais, contra 319 milhões de reais no mesmo período do ano anterior, devido, segundo a empresa, principalmente a investimento em capital de giro pelo aumento da cobertura dos estoques no Brasil e na América Latina.

De acordo com Lettiere, 2015 teve números positivo nessa variável, mas com a busca por produtos de preços mais baixos neste ano, a estratégia da empresa foi surpreendida e foi necessário um pouco mais de carregamento de estoques.

O executivo disse que alguns ajustes já foram feitos e que o olhar na geração de caixa tem sido prioridade. Ele afirmou que a Natura deve manter o nível de endividamento “por um tempo” até acelerar as estratégias para retomar o crescimento.

A empresa fechou o terceiro trimestre com relação dívida líquida/EBITDA de 1,47 vez frente a 1,11 vez no mesmo período do ano passado, reflexo da queda do Ebitda e a menor geração de caixa no ano.

MUDANÇAS

A troca no comando da companhia anunciada na noite de terça-feira também foi abordada na teleconferência. De acordo com o presidente do Conselho de Administração da empresa, Pedro Passos, quando Roberto Lima assumiu a presidência dois anos atrás já se sabia que seria um processo de transição.

Passos elogiou a gestão de Lima e destacou como principal realização do executivo a reconstrução do comitê executivo, com profissionais jovens e talentosos, capazes de pensar e executar o ciclo de desenvolvimento da empresa nos próximos 10 anos.

Segundo ele, a decisão da troca e neste momento foi de comum acordo na companhia, diante da avaliação de que havia uma equipe preparada para assumir os desafios do curto prazo e também dos próximos 10 anos. “Poderíamos deixar para fazer a transição mais para frente, mas achamos melhor fazer desde já.”

Lima, presente apenas na abertura da teleconferência, também destacou a importância do seu trabalho na formação da nova equipe e disse que saía com a sensação de dever cumprido. E ponderou apenas que o Brasil não oferecia neste momento a melhor condição para desenvolvimento como a empresa gostaria.