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Falece Maroca, uma das irmãs ‘ceguinhas de Campina Grande’

27 de março de 2017

Foi enterrada nesse domingo (26), em Campina Grande, aos 72 anos, após um Acidente Vascular Cerebral (AVC), Maria das Neves Barbosa, a Maroca, artista cega que embolava ganzá com as suas irmãs Poroca e Indaiá, mais conhecidas como ‘As ceguinhas de Campina Grande’.

“Eu queria muito estar perto delas”, lamenta o diretor carioca Roberto Berliner, que está de férias em Roma na Itália. O cineasta produziu no final dos anos 1990 um programa de TV com as paraibanas que, em 2004, originou o longa A Pessoa é Para o que Nasce, filme que teve grande repercussão no meio cinematográfico. A cena final do documentário traz as irmãs nuas tomando banho na praia de nudismo de Tambaba, no Litoral Sul paraibano, o que gerou muitos debates em festivais pelo país.

No mesmo ano de lançamento da produção e também recentemente, em 2015, as três irmãs cegas de nascença receberam a Ordem do Mérito Cultural, por propagar a cantoria de emboladas e ritmos tipicamente nordestinos.

Tendo uma vida difícil desde a infância, Maroca, Poroca e Indaiá trabalharam na lavoura desde crianças, sendo ‘alugadas’ como mão-de-obra temporária pelo próprio pai, que era alcoólatra. Quando ele morreu, as irmãs passaram a se apresentar pelas ruas de Campina Grande, cantando e tocando ganzá. Com as doações que recebiam, sustentavam 14 parentes.

Em constante contato com seus personagens, Roberto Berliner relembra que a última visita aconteceu no último mês de 2015, quando estava na Paraíba durante o Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, em João Pessoa. Da Capital, ele deu um pulo para Campina Grande para matar a saudade das grandes amigas. “Foi uma visita muito legal. Elas estavam morando com a Valquíria, que cuidava muito bem delas”, conta o diretor, que chegou a presenteá-las com uma casa após as filmagens.

Mesmo se distanciando com o tempo, Berliner fala que tem uma grande admiração pelas três. Falei ontem com Indaiá e Poroca. Estou arrasado. É uma história que é para sempre por causa dos laços que fizemos há mais de 20 anos”, conta o diretor carioca.