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País terá um smartphone por pessoa, diz FGV

24 de abril de 2017

O número de smartphones em uso no Brasil vai igualar ao de habitantes em outubro, segundo projeção da FGV. Atualmente, existem 198 milhões de aparelhos, mas o total poderá chegar a 236 milhões nos próximos dois anos.

Para quem acompanha os relatórios mensais da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), esses números podem parecer discrepantes diante dos 258 milhões de celulares que a agência divulgou em fevereiro. A diferença é que a Anatel mede a quantidade de números de telefones em serviço. E como uma mesma pessoa pode ter mais de uma linha, ou as bases das operadoras podem contabilizar números não usados, há essa diferença.

O volume é superior ao de computadores, que estão hoje nas mãos de 80% da população (166 milhões de desktops, notebooks e tablets) e só chegarão a um para um entre 2020 e 2022.

Segundo o professor Fernando Meirelles, responsável pela pesquisa, o avanço acelerado é resultado de uma mudança de perfil de consumo, com as pessoas deixando de comprar computadores – principalmente desktops. Em 2016, o mercado de computadores encolheu 15% em unidades vendidas, para 12 milhões, o terceiro ano consecutivo de recuo. A expectativa é que em 2017 o volume de vendas se mantenha.

A questão da idade e o novo perfil de uso criam um desafio para as empresas, que precisam se adaptar às novas demandas. “É um momento de ruptura”, disse o professor. Em sua opinião, por conta das suas características e funcionalidades, os smartphones, em breve, também terão que ser contabilizados como computadores.

De acordo com a pesquisa, juntando telefones móveis e fixos, o Brasil já tem mais de um aparelho por habitante, ou 138% de penetração, um percentual maior que a média global, de 115%. Nos EUA, a densidade é de 162%. Segundo a FGV, o Brasil tem 280 milhões de dispositivos móveis (notebooks, tablets e smartphones) conectáveis à internet.

Segundo Meirelles, mesmo com a recessão no Brasil em 2016, os gastos e investimentos em tecnologia das empresas se mantiveram estáveis como proporção da receita, em 7,6%. “Esse número eu chequei 32 vezes. Eu achava que o gasto iria cair pela primeira vez em 30 anos”, disse. “É impressionante como o processo de informatização obriga as empresas a gastarem certo montante. Até tem como gastar menos em TI [tecnologia da informação] passando as atividades para o manual. Mas vai acabar gastando em outra área.” Meirelles destacou que, por conta da desaceleração da economia, os valores absolutos gastos pelas empresas recuaram em 2016.

Na divisão entre serviços, indústria e comércio, o segmento que mais investe em TI no Brasil é o primeiro, com 11%. O número do setor é mais alto por causa dos bancos. Na indústria, a média de investimentos e gastos é de 4,5%, enquanto no comércio o valor fica em 3,5%. “O supermercados brasileiros estão muito atrasados em investimento”, disse.

Em 2016, o custo anual por usuário, ou o quanto as empresas gastam de tecnologia dividido pelo número de funcionários que usam tecnologia, ficou em R$ 39,6 mil, um pouco abaixo de 2015. Segundo Meirelles, isso foi um efeito da inflação. Em dólares, o valor ficou estável. O setor financeiro lidera a lista, com R$ 86 mil. Na área de comunicações, o valor fica em R$ 64 mil. O segmento de ensino é o que menos investe, com R$ 18 mil.