logo paraiba total
logo paraiba total

Veja 5 armadilhas do cérebro que acabam com suas ideias geniais

17 de julho de 2017

Estudar neurociência parece ser uma atividade distante, reservada apenas para biólogos, químicos ou psicólogos. Porém, entender como nossos neurônios funcionam é importante não apenas para fins científicos – mas também para que aproveitemos o melhor de nós mesmos.

A busca pela excelência por meio do estudo da mente é importante, inclusive, quando se fala em empreender e inovar. Afinal, boas ideias são, em sua essência, sinapses.

O especialista Rubens Paes Barreto deu uma palestra no Google Campus sobre o poder da neurociência para a inovação. Ele é sócio-fundador do Deep Learning Institute, um instituto que prepara empresas e pessoas para enfrentar desafios por meio de técnicas como mapas mentais e scrum.

Veja, segundo o especialista, algumas armadilhas preparadas pelo seu cérebro que podem acabar com sua capacidade de ter ideias geniais:

1 – Você quer resolver os problemas de todo mundo

De acordo com Barreto, nossa cabeça é uma “máquina de resolver problemas”. Você pode escolher para qual atividade direcionar a energia que faz tal máquina funcionar.

“O que eu vejo nas minhas consultorias é que muita energia é desperdiçada em atividades fora do grande objetivo de quem eu atendo. Aplicativos, conversas sem sentido, programas de televisão, redes sociais e, principalmente, resolver o problema dos outros”, diz o especialista.

Ele cita um exemplo comum em empresas: o funcionário que diz ter de resolver algum problema pelo qual seu colega ou outra área da empresa está passando. “Muita gente busca ter mais foco, e uma grande dica é decidir a quem ou a quais tarefas você não vai dar atenção.”

Por isso, pegue um papel e escreva atividades em que você gasta tempo, mas não têm nada a ver com seu projeto de inovação. O que você poderia parar de fazer hoje para aumentar seu foco? O primeiro passo para a inovação é se concentrar e ter persistência nas suas metas.

2 – Você cria histórias para não tomar atitudes

Para justificar um comportamento, as pessoas costumam criar histórias. Por exemplo: preciso acordar cedo porque tenho de ir trabalhar. Com isso, posso conhecer novas pessoas e obter uma renda que sustente futuros projetos.

Porém, o outro lado da moeda é criar histórias para deixar de ter um comportamento – como não inovar. “Eu não inovo porque preciso comprar servidores para montar meu sistema de big data“; “eu não inovo porque meu chefe não me apoia”; “eu não inovo porque tenho uma multinacional e a matriz não permite”; “eu não inovo porque não tenho tempo nem dinheiro.”

“Cuidado para que essas histórias programadas não sejam, no fundo, mentiras para mantê-lo em sua zona de conforto”, alerta Barreto. Apenas desacreditando nos contos de sempre é que você poderá se abrir para a inovação.

3 – Você não tenta criar novos hábitos

Cada atitude que você decide tomar é, no fundo, resultado de um conjunto de sinapses – transmissões feitas entre neurônios.

Um hábito é justamente ter esse “caminho neural” consolidado, com o objetivo de conservar sua energia mental diária – acordar e fazer o café de manhã todos os dias, por exemplo. Segundo Barreto, é como passar uma corrente elétrica de um ponto A para um ponto B do seu cérebro de forma aparentemente automática.

Para inovar, é preciso construir caminhos diferentes. O preço a se pagar para a formação dessas novas conexão neurais é chamado de “energia de ativação” pelo especialista. É por conta do custo de ativação dessa energia que as pessoas demoram para tomar atitudes: falta a motivação para tal esforço, e você precisa encontrá-la se quiser ter ideias.

“O fato é: quanto vale a pena essa inovação que você quer fazer? Como ela traz benefícios reais aos seus valores e ao mundo, a ponto de você acordar todas as manhãs e querer tomar as atitudes que levarão a essa inovação?”, questiona Barreto.

4 – Você esconde sua gestão de si mesmo

Ainda falando de hábitos, Barreto dá outra dica neurológica para estimular novos hábitos e inovar mais: deixe sua gestão mais transparente.

O especialista cita um experimento de Shawn Achor, da Universidade de Harvard, para entender quantas pessoas poderiam aprender violão dependendo da disponibilidade visual do instrumento.

Quando o violão era guardado dentro de um armário na casa dos pesquisados por um mês, a média de quem realmente havia tocado era de quatro dias seguidos. Já quando o violão era deixado no meio da sala de estar, a média subia para 21 dias.

“Isso explica por que, em empresas como Facebook e Google, não há barreiras para esconder informações – em armários ou sistemas, por exemplo. Uma dica interessante para as empresas de vocês é fazer gestão à vista, por meio de metodologias como scrum”, aconselha.

5 – Você deixa o medo da exclusão social tomar conta

O que empreendedores como Jorge Paulo Lemann, Henry Ford, Thomas Edison e Walt Disney têm em comum? Eles erraram muito antes de alcançarem o sucesso.

Basta lembrar de uma palestra que Jorge Paulo Lemann deu durante o evento Day1, da Endeavor:  “Os pais educam os filhos para que dê sempre tudo certo. E esquecem que, fazendo besteira, burrada, se aprende muita coisa também. Deixem os filhos fazerem burradas”, aconselhou o empresário.

“Ser rejeitado no grupo social que você está é doloroso, como ocorre em uma demissão ou uma falência. Temos dispositivos neurológicos que tentam nos proteger dessas situações e, assim, deixamos de inovar”, completa Barreto.

É preciso fazer um trabalho de convencimento para superar tais instintos biológicos e psicológicos, controlando seus instintos em prol de uma meta racionalmente alcançável.

“No começo da humanidade, ser rejeitado pelo grupo significava a morte. Mas pense: hoje, você irá morrer se você for demitido do banco onde você trabalha? Ou você irá para o próximo passo, desafiar seus limites e seguir seus sonhos?”, questiona Barreto.