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Paraíba e Pernambuco devem manter produção de cana-de-açúcar na atual safra

26 de outubro de 2017

A produção de cana-de-açúcar estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2017/18 é de 647,6 milhões de toneladas – uma redução de 1,5% em relação à safra anterior. A produção estimada para o Nordeste é de 45,83 milhões de toneladas. 

A área a ser colhida está estimada em 8,84 milhões de hectares, queda de 2,3%, se comparada com a safra 2016/17. De fato, a produção canavieira na região Nordeste, que enfrentou nas últimas cinco safras a pior seca dos últimos cinquenta anos, terá redução sendo a maior delas em Alagoas, maior produtor da região, que deve reduzir a safra 2017/18 em cerca de 15%, devendo moer 14 milhões de toneladas.  Pernambuco deve manter a safra, graças as chuvas que estão caindo, com uma perspectiva de moer 12 milhões de toneladas. A Paraíba estima uma produção média entre 5 e 6 milhões de toneladas, quase a mesma de safras anteriores.

Além da queda na produção, também preocupa os produtores do Nordeste o baixo preço pago pela tonelada da matéria-prima que, este ano, ficou em torno de R$ 80,00, valor bem inferior ao da safra passada, que ficou em torno de R$ 100,00. De acordo com o presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), José Inácio de Morais, esse valor não remunera os custos de produção. “Saímos de uma estiagem violenta que durou seis anos, não recebemos o pagamento da subvenção referente a safra 2013/14, que tinha sido autorizado pelo governo federal desde julho de 2015, e agora enfrentamos um baixo preço da cana com uma remuneração que nem cobre os custos de produção, além da dificuldade de acesso aos recursos disponibilizados pelos bancos”, destaca José Inácio.

O dirigente da Asplan se refere ao excesso de burocracia, principalmente, em relação a licenças ambientais. “Há recursos disponíveis nos bancos, com taxas e prazos bem atrativos, mas o produtor não consegue ter acesso a eles pelo excesso de exigências, sobretudo ambientais”, afirma José Inácio. Segundo ele, neste aspecto, a situação do produtor na Paraíba é ainda pior pelo nível das exigências da Sudema. “Em Alagoas, por exemplo, houve uma dispensa de licença ambiental para áreas de renovação de canavial até 300 hectares. Aqui, na Paraíba, essa flexibilização não existe”, afirma José Inácio que vai solicitar uma audiência com o governador Ricardo Coutinho para tratar deste e outros assuntos.

E para piorar ainda mais o acesso do produtor aos créditos bancários, o governo federal acabou com a dispensa de apresentação de licenças ambientais para obtenção de recursos para custeio. “Ao invés de ajudar o produtor a ter acesso aos recursos, a fim de que os prejuízos provocados pela redução na safra sejam amenizados, essa determinação dificultou ainda mais a vida do produtor”, lamenta o dirigente da Asplan. Ele lembra que o preço melhor da cana no ano passado não foi suficiente para zerar as dívidas no setor que se acumularam nos anos de seca.