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Empresa treina aves de rapina para o controle de pragas urbanas

5 de setembro de 2018

A paixão virou negócio para este jovem casal paraibano. Praticantes de falcoaria, esporte com 4 mil anos de existência, o veterinário Gleison Ferreira Dias e a administradora Rayssa Rachel Benevides Lima perceberam que a atividade de lazer poderia se tornar um empreendimento de sucesso, por ser inovador, sustentável e com baixa concorrência. Deste modo, nasceu a Ecohawks serviços ambientais, empresa paraibana que atua no ramo de controle biológico de pragas e também no segmento de educação socioambiental.

A proliferação de aves que não são nativas, como pardais e garça vaqueira, ou ainda, os pombos que transmitem doenças e podem causar prejuízos materiais à população, são consideradas pragas urbanas. Em João pessoa, elas buscam abrigos em telhados, marquises e fachadas de estabelecimentos comerciais, industriais, repartições públicas e hospitais. Atualmente, não há venenos permitidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cerceando bastante as possibilidades de atuação com resultados seguros.

Para sanar essa lacuna, a empresa, que já realizava cursos e palestras de falcoaria e educação ambiental, expandiu suas atividades e passou a oferecer o serviço de controle de fauna como forma de eliminar a presença de aves indesejadas. Utilizando a técnica da falcoaria, os empreendedores treinam aves de rapina, em especial gaviões asa de telha, cujo hábito natural de caçar em grupo permite uma boa relação com o falcoeiro. Além disso, sua curvatura de cauda mais longa e asas mais curtas faz com que voem mais rápido que outras espécies.

“Nós temos a possibilidade de utilizar três técnicas: falcoaria diurna, a noturna com foco de luz e a falcoaria de carro, que é quando lançamos o gavião de dentro do carro. Elas serão definidas de acordo com o local. A falcoaria noturna tem um destaque quando se trata de ambiente cujo horário de funcionamento é diurno e muito intenso, mas todas elas são eficazes”, assinalou o veterinário e criador, Gleison Dias.

Natureza tecnológica

De fato, a técnica é antiga, porém não mais rudimentar. Desde a sua introdução no controle de fauna em regiões aeroportuárias, até a mais recente aplicação desenvolvida pela Ecohawks, na Paraíba, o uso da falcoaria a serviço da vida moderna tem estimulado a inovação das tecnologias de GPS e de chips de identificação e acompanhamento dos animais adestrados.

“Inovamos duplamente, ao aproximar e tornar o controle de pragas responsável pelo meio ambiente e fomentar o desenvolvimento de uma indústria paralela de sistemas e tecnologia da informação que garanta mais segurança para aves, criadores e para toda a sociedade”, explicou Dias.

O gerente de Inovação, Ciência e Tecnologia do Sebrae Paraíba, Elinaldo Macedo, ressalta que no ambiente empresarial, inovação é algo que cria valor, aumenta a competitividade e a sustentabilidade das empresas. “É muito importante ter novos negócios disruptivos e que busquem nichos poucos explorados. Esse projeto une o antigo ao novo, alinhando suas estratégias de ação a preservação do ambiente e qualidade de vida das pessoas”, disse.

Treinamento com recompensa

Atualmente o plantel da Ecohawks conta com 5 aves, das quais 2 são fêmeas e 3 machos, da espécie gavião asa de telha. Todos possuem anilha e registro no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). “As aves de rapina não aceitam nenhum tipo de castigo na fase de treinamento, então, quando acertam são recompensadas. Tem que trabalhar com recursos positivos, do contrário a ave vai ficar mais arredia com o falcoeiro e com outras pessoas”, enfatizou o veterinário.

Do mesmo modo, os bichos não são mortos na captura. As aves são treinadas a segurar o animal vivo até a chegada do treinador que oferece uma recompensa em troca da presa. Aqueles animais que não podem ser soltos em outro local, o que configuraria crime ambiental, passam por um processo de eutanásia, cujo sofrimento é atenuado ao máximo.