Especialista orienta como escola pode auxiliar crianças com suas inseguranças
13 de dezembro de 2018
Já parou para pensar no significado de “insegurança”? De acordo com especialistas, trata-se de um estado emocional no qual a pessoa apresenta um sentimento de inferioridade. A pessoa sente que não é boa o suficiente para realizar determinada tarefa ou para ser amada, aceita ou reconhecida. A insegurança acaba acarretando em um sentimento de incapacidade e de não merecimento. Se pensarmos em Inteligência Emocional, a insegurança é resultado do medo. Pode ser medo de fracassar, de se frustrar, de desistir, de ser rejeitado, de ouvir críticas, de perder alguém importante. O medo é uma emoção importante, que nos protege de situações que trazem riscos, faz com que pensemos antes de agir e que pode nos impulsionar para a ação ou nos paralisar.
No caso das crianças em idade escolar, saber a causa e os sintomas da insegurança, permitem aos adultos (pais, responsáveis, professores e outros) ajuda-las a recuperar a confiança em si mesmas e a sentirem que são valiosos para quem está à sua volta, seja na família, co os coleguinhas, etc.
De acordo com Sueli Conte, psicopedagoga, diretora geral e mantenedora do Colégio Renovação – instituição com mais de 30 anos de atuação do Ensino Infantil ao Médio – fatores que podem levar as crianças a se sentirem inseguras são:
– Estilo educativo severo, autoritário e superprotetor. Normalmente, a criança deixa de desenvolver autonomia, passa a não tomar as próprias decisões. Com o tempo, surgem os sentimentos de inferioridade, o medo de errar e a perda de confiança e da autoestima.
– Falta de afeto e carinho. O excesso de críticas ou até de humilhações fazem com que a criança entenda que não é querida ou importante para seus pais, o que desperta a insegurança nos pequenos. Quando em desequilíbrio emocional, as habilidades sócio-emocionais deixam de ser desenvolvidas e a criança é prejudicada.
– Comparações com irmãos, primos e colegas. O nascimento de um irmão pode provocar insegurança em uma criança que pensa que já não é suficiente para os seus pais. Isso acontece por conta da atenção que o recém-nascido exige. Quando os pais comparam habilidades e qualidades dos filhos e menosprezam suas capacidades, valorizando o outro, o sentimento de insegurança pode se tornar crônico.
A especialista ressalta que uma criança insegura duvida muito diante de qualquer decisão que precise tomar; apaga ou risca muito seus desenhos ou exercícios escolares; tem medo de errar e prefere não se manifestar a correr o risco; frustra-se facilmente; tem baixo rendimento escolar; é altamente dependente; demora a fazer amigos e quando o faz são crianças com menos idade; as vezes, expressa insegurança com desobediência, agressividade ou ao contrário, sente vergonha, é passiva e submissa; não acredita em si mesma; tem pesadelos ou problemas para dormir.
Para Sueli Conte, as crianças precisam se sentir queridas e estimadas, especialmente pela família. Para sanar um quadro de insegurança ela recomenda, de modo geral, o diálogo e atitudes dos familiares que fortaleçam o lado socioemocional. Isso significa, falar sobre as inseguranças e temores que elas sentem e ajuda-las a ver suas qualidades. Vale delegar tarefas e permitir que ela crie independência. Isso também deve ser trabalhado na escola, em sala de aula. Pequenas tarefas, como ajudar a professora a recolher as agendas dos alunos, ser o auxiliar do dia, ser representante de classe, ser um dos escolhidos para recepcionar novos alunos, entre outras ações, reforçam sua importância perante os demais e os levam a sentirem reconhecidos.
Outro caminho importante é estabelecer laços afetivos. Seja com os pais, professores, colegas de classe, entre outros. Tudo que é feito por meio de ações de carinho, proteção moderada e estabilidade emocional traz bons resultados.
A integração entre família e escola é outro ponto importante na visão da psicopedagoga. É por meio da ação conjunta que pais e educadores conseguem atacar as causas da insegurança das crianças e podem colaborar para o equilíbrio emocional dela.