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“Cinema paraibano vive momento de efervescência produtiva, com criatividade e diversidade”, avalia curador do Fest Aruanda

14 de dezembro de 2018

Poucas obras do audiovisual brasileiro foram tão influentes quanto “Aruanda”, do cineasta Linduarte Noronha. Filmado na década de 1960, o documentário retrata o cotidiano de uma comunidade quilombola da Serra do Talhado, localizada em Santa Luzia, no sertão paraibano. A obra foi uma das precursoras do Cinema Novo e colocou a Paraíba no mapa das grandes produções cinematográficas, obtendo reconhecimento imediato por parte da crítica especializada.

O Fest Aruanda, festival de cinema que leva o nome da obra icônica de Linduarte Noronha, trouxe na sua programação uma safra de nove filmes com DNA paraibano: três curtas e seis longas. O curador e diretor artístico do Festival, Amilton Pinheiro, destacou não só a quantidade de produções – o que já é um motivo para comemoração – mas também a qualidade das obras quem vêm sendo apresentadas, reconhecida por críticos conceituados nacionalmente, como Jean-Claude Bernardet, Maria do Rosário Caetano, Orlando César Margarido e Luiz Zanin, que classificou o Fest Aruanda 2018 como a “primavera do cinema paraibano”, na sua coluna de Cultura no Estadão da última segunda-feira (10).

A Paraíba conta com nomes importantes no cenário nacional como Zezita Mattos, Marcélia Cartaxo, José Dumont, Everaldo Pontes, Luiz Carlos Vasconcelos, Mayana Neiva e o “clã” Lira nas artes cênicas, mas também nomes como Walter Carvalho e Manfredo Caldas por trás das câmeras. Além disso, o Estado abriga a “Roliúde Nordestina”, como é chamada a cidade de Cabaceiras, cenário de obras como o longa “O Auto da Compadecida” (2000) e a supersérie “Onde nascem os fortes” (2018). ”Hoje há uma renovação dos cineastas paraibanos. Nós temos a geração de Marcos Vilar, de Bertrand Lira, que continua trabalhando, e um pessoal novo que está chegando: André Morais, Edson Lemos Akatoy, Eliézer Rolim. E, por trás disso, está um trabalho de Torquato Joel”, destacou o curador.

Apesar de todos os avanços registrados nos últimos anos, Amilton Pinheiro lamenta a ausência de mulheres à frente das produções audiovisuais.  Mas, de acordo com ele, as diretoras estão se mobilizando para mudar esse quadro. O longa paraibano “Sol Alegria” tem a cineasta Mariah Teixeira na assistência de direção, atuando ao lado do pai, Tavinho Teixeira. Dentre os curtas, “Ultravioleta” conta com a cineasta Virgínia Gualberto na assistência de direção, atuando ao lado do diretor Dhiones do Congo. Já “Rasga Mortalha” é dirigido por uma mulher, Pattrícia de Aquino, que tem como auxiliar Fabi Moura.

Olhar de fora – O vice-presidente da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), Orlando César Margarido, também observa a qualidade das obras cinematográficas paraibanas que foram apresentadas no Fest Aruanda deste ano. “A gente nota uma qualidade não inesperada. Há um cinema já sólido, de boa qualidade, mas saber que há uma nova geração com toda dificuldade que nós estamos enfrentando em relação à apoio da produção local é, realmente, uma grande surpresa”, qualifica o crítico.

Para ele, o novo cinema paraibano tem uma linguagem definida. “A Paraíba teve um momento muito feliz no passado e continua sendo inventivo. Dessa nova geração de cineastas, está saindo coisa muito boa, acho muito impactante”, declara.

Confira as produções paraibanas que foram  exibidas no 13º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro:

Beiço de Estrada – Eliézer Rolim

Estrangeiro – Edson Lemos Akatoy

Rebento – André Morais

Sol Alegria – Tavinho Teixeira

Ambiente Familiar – Torquato Joel

O seu amor de volta (mesmo que ele não queira) – Bertrand Lira

Ultravioleta – Dhiones do Congo

Rasga Mortalha – Pattrícia de Aquino

De vez em quando, quando eu morro, eu choro – R. B. Lima