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As 6 faces do cubo estratégico do varejo

13 de agosto de 2019

Lembra daquele cubo mágico de seis faces com outras nove partes em cada face que devem ser combinadas para resolver o enigma?

É o Cubo de Rubik, inventado em 1974 e que nos anos 80 se tornou febre mundial, e é sempre lembrado como um quebra-cabeças e desafio ao raciocínio rápido e interessante para várias gerações. Estima-se que apenas 5,8% da população mundial possa encontrar a solução.

Criou-se inclusive um campeonato mundial envolvendo a velocidade na solução do problema, recentemente rebatizado para Red Bull Rubik’s World Championship, vencido no ano passado por um chinês com o tempo de 3,47 segundos.

Mas o nosso tema é outro e só emprestamos a curiosidade sobre o cubo para propor uma releitura dos elementos fundamentais da equação estratégica do varejo nos dias atuais.

De fato, poderíamos usar o conceito básico das seis faces e suas inúmeras possíveis combinações se considerarmos as outras nove divisões coloridas em cada face para entendermos e avaliarmos as diferentes visões dos desafios e oportunidades no varejo atual.

As seis faces consideradas estratégicas, Globalização, Concentração, Competição, Digitalização, Polarização e Solução são as que determinam os principais vetores de transformação do setor e permitem leituras distintas para cada uma das nove divisões possíveis em cada face. Essas poderiam ser Segmento, Canal, Geografia, Marca, Negócio, Economia, Formato, Maturidade do Consumidor e Legislação.

A combinação de todos esses elementos, como aprendemos do conceito de Rubik, permite uma quantidade absurda, perfeitamente calculável, de alternativas possíveis, tal qual ocorre quando tentamos entender a realidade do varejo em cada situação, momento, segmento ou mercado.

Os seis vetores de transformação do varejo:
Globalização

É o movimento dinâmico que envolve a expansão, contração e reposicionamento do varejo no mundo, nos dois vetores de oferta e demanda. Inclui a expansão, ou a contração, de grandes redes, especialmente as de origem em economias mais desenvolvidas, em busca de novos mercados e oportunidades orientados para áreas menos competitivas e/ou com maior potencial de crescimento.

Mas também envolve os movimentos de busca de produtos com melhor combinação de preço e qualidade onde quer que possam ser produzidos e disponibilizados, situações que se alteram a cada momento por conta de custos envolvidos, legislação, estímulos e muito mais elementos.

O nível de globalização de um mercado, ou região, pode ser medido e avaliado pela participação dos players controlados por conglomerados globais nas vendas de uma região, canal ou segmento, por exemplo;

Concentração

É um processo, quase irreversível, envolvendo o aumento do poder estratégico e financeiro de alguns conglomerados globais ou locais, mas também, e cada vez mais, aqueles que passaram a atuar nos diversos setores do varejo, oriundos das novas fronteiras tecnológicas, como as Plataformas Exponenciais do Ocidente, como Google, Amazon, etc e os Ecossistemas de Negócios nascidos na China, exemplo de Tencent, Alibaba, JD e outros.

Mas o produto final é similar. Os maiores conglomerados tendem a crescer sua participação em cada mercado e a maturidade pode ser medida e avaliada pelo grau de concentração existente. Considera-se concentrado um mercado onde os cinco principais players detenham mais do que 40% do mercado total;

Digitalização

Dos fenômenos observados é o mais recente, mas também o de crescimento mais exponencial. Envolve toda a incorporação de tecnologia nos negócios dos próprios varejistas e de seus fornecedores de produtos, serviços e soluções.

Mas também, e principalmente, a incorporação da tecnologia e a digitalização na vida dos consumidores, precipitando profundas mudanças nas relações de consumo envolvendo todos os elementos do varejo.

É onde as mudanças são mais velozes e dramáticas porque o processo é complementado pelo barateamento das soluções tecnológicas, tornando-as mais acessíveis a todos os agentes de mercado, inclusive os consumidores;

Competição

É, em parte, resultado da combinação dos três primeiros – Globalização, Concentração e Digitalização -, potencializada pelo uso cada vez mais intenso pelos consumidores dos recursos que permitem comparar em tempo real as ofertas, propostas e conceitos oferecidos pelo mercado e optarem pelas alternativas que maximizem a relação Mais por Menos, onde o Mais é amplo suficiente para envolver Satisfação, Conveniência, Gratificação, Prestígio, etc.

Mas o resultado final é um crescimento consistente e constante do nível de competição no mercado ainda ampliado pelo aumento da oferta de alternativas disputando a preferência dos omniconsumidores;

Polarização

É o fenômeno que vem macro segmentando o varejo globalmente. Envolve a separação entre os varejos de Valor, Diferenciação e Solução.

O varejo de Valor é aquele que mais tem crescido em sua proposta, simples e singela, de oferecer o Mais por Menos de forma despojada, objetiva e direta, tendo no preço baixo seu apelo fundamental. É de todos os vetores o que mais crescido no mundo nos diversos setores, por conta de um consumidor mais racional e equipado para decidir de forma pragmática.

O varejo da Diferenciação é aquele que aposta na combinação do Prestígio das Marcas associado com a componente Experiência para gerar a diferenciação que permita margens brutas mais elevadas.

O varejo da Solução é aquele que combina Produtos com Serviços, entregando e integrando Soluções para resolver de forma mais direta os problemas de um consumidor com cada vez com menos tempo. Esse vetor é cada vez mais característico de mercados e economias mais maduros;

Customização

De forma ampla é a busca de alternativas que maximizem a satisfação individual de consumidores pela oferta de soluções exatamente adequadas aos desejos e possibilidades de cada um.

É a volta ao passado dos produtos feitos sob encomenda trazida ao momento presente pelas inúmeras possibilidades geradas pela tecnologia, criando a customização massificada.

Ele se expressa nas mais diversas formas e alternativas e tem tudo a ver com a busca de caminhos para melhoria da atratividade, diferenciação e melhoria da rentabilidade.

Como dissemos, é a releitura da realidade, conceito importado do mundo das artes, a partir de uma combinação nova de elementos e permitindo especular sobre outras perspectivas na análise dos mesmos fenômenos.

Mas serve principalmente para perceber a complexidade e dinâmica que domina cada atividade, negócio ou iniciativa e permitir uma reflexão ainda maior e mais ampla do mundo que nos cerca.