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Desemprego sobe na Paraíba e atinge principalmente jovens e mulheres

5 de setembro de 2019

A taxa de desemprego na Paraíba subiu para 11,9% no segundo trimestre de 2019, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral, do IBGE. Esse é o maior índice para o período desde 2012, primeiro ano da série histórica disponibilizada pelo Instituto. Outros números, porém, chamam atenção: o desemprego entre os jovens (30,9%) e as mulheres (14%) também atingiu patamares inéditos no estado para o período compreendido entre abril e junho. 

A taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos de idade foi de 30,9% – um crescimento de 5 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados mostram que está mais difícil para o jovem encontrar emprego na Paraíba e mesmo aqueles que conseguem uma vaga no mercado de trabalho recebem, em média, R$ 800 como remuneração, o menor valor da série histórica em valores corrigidos pela inflação. 

No caso das mulheres, a taxa de desemprego é de 14%, dois pontos percentuais acima na comparação com o mesmo período de 2018. Para os homens, o índice permaneceu praticamente estável em 10,3%. Com a crise do mercado de trabalho agravada em 2016, os rendimentos para ambos os sexos caíram, mas nos anos seguintes houve recuperação. Para as mulheres, entretanto, a recuperação se deu em ritmo menor, tendo, inclusive, perda no valor real no último ano e aumento na diferença salarial na comparação com os homens. 

Segmentos mais vulneráveis são os principais prejudicados

O professor Roberto Véras de Oliveira, integrante do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas e Trabalho da Universidade Federal da Paraíba, destaca que as condições de trabalho no Brasil vêm se deteriorando desde 2015. Para ilustrar o cenário, o professor cita outro dado do IBGE, o da subutilização da força de trabalho, que inclui, além dos desocupados, os subocupados por insuficiência de horas trabalhadas e a força de trabalho potencial. Entre 2014 e 2019, o índice subiu de 17,3% para 28,3% no país.

A piora nas condições do mercado de trabalho atinge principalmente os segmentos mais vulneráveis. No caso dos jovens e mulheres, o professor explica que o poder de barganha é menor. 

“Nos caso das mulheres, estas são vítimas de processos discriminatórios, social e culturalmente enraizados, que as colocam em posições subalternas; seja ao serem deslocadas, em um mesmo setor, para postos inferiores ou mesmo exercendo funções iguais recebem salários inferiores; seja ao serem levadas a se concentrarem em ocupações desvalorizadas socialmente, como o emprego doméstico. Em situação de crise econômica, são as primeiras a serem demitidas ou são contratados sob condições ainda mais rebaixadas (sem contratos formais, com menos benefícios, com salários menores etc)”, afirma.

Ao analisar o contexto em que os jovens estão inseridos, Roberto Véras ressalta que o argumento da falta de experiência constantemente é empregado para que sejam oferecidas condições mais precárias de contratação. Além disso, a necessidade de ingressar o quanto antes no mercado de trabalho para garantir uma renda é outro componente que estabelece uma propensão à aceitação do emprego precário.

“No Brasil, os jovens não podem retardar muito o ingresso no mercado de trabalho. Muitas vezes são levados a abandonar a escola antes de concluir os ciclos básicos ou, quando não a abandonam totalmente, tentam seguir com as duas atividades simultaneamente. Em um ou outro caso, as condições de inserção no mercado de trabalho marcam uma trajetória de vulnerabilidade”, avalia.

Onde encontrar os dados

A PNAD Contínua Trimestral pode ser consultada no Sistema Sidra, do IBGE (www.sidra.ibge.gov.br).