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Estudo prevê retração de 10% a 20% nas exportações brasileiras em 2020

28 de abril de 2020

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta terça-feira (28) estudo com os possíveis impactos da pandemia de Covid-19 sobre a balança comercial brasileira no período entre 2020 e 2021. As projeções apontam retração da atividade de comércio exterior do país, já este ano, em resposta ao agravamento da crise financeira global. 

Para as exportações, a estimativa é de queda entre 10% e 20% ainda em 2020, recuando ao patamar de U$ 180 bilhões. O estudo também prevê retração de 20% nas importações brasileiras, que devem ficar no patamar de U$ 140 bilhões. De acordo com a pesquisa, a queda acentuada no mercado de commodities – especialmente no setor de petróleo – deverá ser um dos motores da retração, com impactos na balança comercial do país e queda expressiva nas exportações brasileiras.

O trabalho apresenta três cenários possíveis a partir da análise de dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Organização Mundial do Comércio (OMC). A OMC prevê dois cenários: um pessimista, com redução em cerca de 30% nas exportações e importações mundiais para o período analisado, e outro otimista moderado, com redução de 19%. Já o FMI aponta queda de 20% nos fluxos de importações e exportações no cenário global até 2021.

Os dados analisados confirmam o cenário de retração nas exportações e negociações brasileiras com parceiros comerciais como a União Europeia, que devem sofrer redução de até 20% no próximo biênio em razão da crise de Covid-19. A pesquisa também indica forte impacto da crise sobre os países latino-americanos, uma vez que muitos deles são altamente dependentes da produção e exportação de commodities energéticas e minerais. “Isso poderá ter efeitos muito negativos sobre as exportações brasileiras de bens manufaturados e, por tabela, na própria capacidade de recuperação da indústria do país”, avalia o coordenador de Estudos Econômicos Internacionais do Ipea, Fernando Ribeiro, um dos autores do estudo.

O estudo aponta que mesmo após o pico da pandemia e o retorno da vida ao normal, haverá queda de renda e um esperado aumento no nível de endividamento das famílias, exercendo uma pressão para baixo na demanda por bens de consumo duráveis e semiduráveis. “A tendência poderá continuar a provocar impactos na atividade de comércio exterior, com possíveis comprometimentos para o cenário de retomada do crescimento da atividade comercial no cenário global”, afirma Ribeiro. Mesmo com perspectivas negativas, a atividade de comércio exterior não deverá permanecer totalmente estagnada no atual biênio. “Apesar das dificuldades, o país deverá preservar um superávit em 2020. Mas o cenário de eventual recuperação deverá ficar para 2021”, pondera.