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Sete em cada dez pessoas mudaram padrões de consumo por causa da pandemia

28 de outubro de 2020

Após seis meses de pandemia, uma pesquisa realizada pela FecomercioSP com 400 brasileiros mostra que sete em cada dez (72%) mudaram os padrões de consumo no período. Os setores mais impactados foram de roupas e calçados (42% dos entrevistados reduziram o consumo destes itens), viagens a turismo (30%) e atividades físicas (27%), mas chama atenção, também, o fato de 22% das pessoas terem cortado custos com bens essenciais, como alimentos e remédios.

A maioria (54%) daqueles que cortaram gastos aponta que o fizeram porque tiveram diminuição na renda. De acordo com a FecomercioSP, além de variáveis estruturais, como o crescimento da taxa de desemprego durante a crise sanitária (13,8% no segundo trimestre, segundo o IBGE) e a alta da inflação, especialmente sobre preços de alimentos e bebidas (acumulado de 7,3% até setembro), o próprio isolamento social decretado pelos governos estaduais no período explica a capilaridade do impacto no consumo: em casa, as pessoas demandaram mais artigos domésticos e itens que lhes permitissem estabelecer rotinas na quarentena. Da mesma forma, passaram a comprar mais pela internet.

Isso se revela, por exemplo, no fato de que sete em cada dez pessoas (72%) estão cozinhando mais em casa do que antes da pandemia, enquanto 42% delas disseram que, agora, praticam mais atividades físicas no ambiente doméstico. Houve ainda um aumento de 14% nas compras de itens de construção ou decoração.

Perspectivas do e-commerce

Apontado como a principal alternativa para manter o ritmo do mercado, o e-commerce se expandiu em meio à crise do coronavírus, mas não deve necessariamente manter o crescimento no cenário pós-pandêmico.

Segundo o estudo, 46% dos brasileiros aumentaram, de alguma forma, o consumo online – uma tendência que, aliás, atravessou os estratos de renda: enquanto 41% das pessoas que recebem até um salário mínimo por mês compraram um pouco mais pela internet do que antes da crise sanitária, este número foi de 39% entre os que ganham acima de dez salários mínimos.

No ambiente de crescimento da demanda, o setor de serviços saiu na frente: 56% dos consumidores admitem ter pedido mais comida por aplicativos na quarentena, enquanto 37% adquiriram algum tipo de curso a distância.

No entanto, a pesquisa também apresenta um alerta aos empresários que apostaram nas vendas online: quando questionadas sobre como pretendem consumir na internet depois que o isolamento social acabar, a maior parte das pessoas (47%) responde que pretende voltar ao patamar pré-crise.

No começo do mês, outro estudo da FecomercioSP mostrou que o e-commerce registrou um crescimento significativo no primeiro semestre do ano no Estado de São Paulo: as vendas pela web representaram 3,7% de todo o comércio varejista paulista no período analisado – uma alta de 0,8 ponto porcentual de janeiro a junho de 2020, equivalente ao crescimento dos seis anos anteriores.

Para a Entidade, os números de agora sugerem que, após o isolamento, o e-commerce será mais um suporte para lojas físicas do que propriamente um canal de vendas autônomo.

Tendências para o varejo no pós-pandemia

Apesar disso, há possibilidades a serem exploradas nas vendas online. A pesquisa da FecomercioSP mostra, por exemplo, que 53% dos consumidores entre 18 e 35 anos compraram mais pela internet durante a pandemia – esse número é de 40% entre os acima de 35, sugerindo maior penetração entre os mais jovens.

Como tendem a ser mais naturalizados com meios digitais, 64% dos entrevistados entre 18 e 35 anos afirmaram que a prática de pedir comida delivery se tornou mais frequente na pandemia (49% entre os acima de 35), enquanto 50% dos mais jovens embarcaram em alguma formação a distância (26% na outra faixa etária) no período.

Já levando em conta o recorte de renda, a faixa que vai de um até cinco salários mínimos demonstra ser a mais ansiosa para voltar às compras. Há, contudo, planos distintos para cada faixa de renda: pessoas do estrato de renda mais baixo (até um salário mínimo) pretendem ir atrás de roupas e calçados quando o isolamento acabar (57%), ao passo que aquelas que estão na faixa entre um e dois salários mínimos dizem querer adquirir mais eletrodomésticos e/ou eletrônicos (48%). Os mais abastados (acima de dez salários mínimos), por sua vez, esperam poder voltar a viajar (45%).