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Pouco antes da Black Friday, preços de produtos sobem até 70%, indica Ibevar

25 de novembro de 2020

Faltando alguns dias para a Black Friday 2020, o consumidor que espera conseguir bons preços na data promocional já deve estar de olho nas promoções. Porém, talvez não seja tão fácil assim achar valores atrativos em diversas categorias de produtos.

Um estudo do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), mostrou que, desde junho até novembro de 2020, algumas categorias de produtos tiveram aumento de até 70% no preço. Para chegar à conclusão do estudo, o Ibevar reuniu os preços de 6.500 produtos diferentes, de mais de 30 categorias.

Segundo o instituto, a pesquisa serve para auxiliar o consumidor que quer evitar promoções falsas, mostrando quais itens acabaram entrando na “Black Fraude”. Ainda de acordo com o Ibevar, os maiores reajustes de preços ocorreram principalmente na primeira quinzena de novembro.

“Observa-se que os percentuais acumulados no período de começo de junho até 15 de novembro são bastante significativos. 90% das remarcações acumuladas ou são de média intensidade [aumento maior que 10%] ou forte [aumento maior que 25%]”, diz um trecho da pesquisa.

Ainda que os preços de alguns produtos tenham caído no começo do segundo semestre, a alta a partir de novembro foi generalizada e englobou todas as categorias.

Como mostra a tabela de variações, 18 das categorias analisadas tiveram um aumento de preço maior do que 25% na segunda quinzena de novembro, enquanto as outras 12 sofreram com flutuações entre 4% e 20%, sinalizando que esses produtos podem oferecer falsas promoções durante a sexta-feira de descontos.

Para Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Ibevar, um aumento generalizado dos preços justamente no mês da Black Friday é surpreendente. Segundo ele, por mais que um leve aumento de preço com a chegada das festes de fim de ano seja esperado, uma alta de todas as categorias é preocupante.

“Os aumentos não são normais. Na maioria das situações, ocorre um aumento que visa, posteriormente, apresentar uma redução de preços. De fato, o título ‘promoção’ acaba sendo uma ação ilusória, a menos que o consumidor tenha tido o cuidado de pesquisar esses valores com bastante antecedência e acompanhe a sua evolução”, diz Angelo.

Freezers (+63,5%), câmeras e filmadoras (+43,7%), micro-ondas (+46%) e ventiladores (+46,3%) foram as categorias de produtos que tiveram a maior alta de preços na primeira quinzena de novembro, com flutuações passando de 40%.

A categoria de freezers chama atenção por conta do constante aumento de preços no semestre. Segundo o estudo, em todos os meses, desde julho, os preços desse segmento cresceram acima de 25% por mês.

Para de Angelo, o aumento considerável na categoria está diretamente relacionado com a pandemia. “Com o distanciamento social, o hábito de comprar um pouco a mais nos mercados para evitar a ida com frequência ao supermercado fez com que o consumidor precisasse de mais espaço e, consequentemente, a demanda por esse tipo de categoria aumentou”, explica o presidente do Ibevar.

Como se blindar de falsos descontos?

Embora a Black Friday seja conhecida por ofertar produtos com preços mais atrativos, cabe ao consumidor analisar e ter um senso crítico sobre as promoções e identificar os famosos “descontos bons demais para serem verdade” ou as “ofertas pela metade do dobro”.

“Pessoas associam números quebrados (R$ 9,99, R$999,90, por exemplo) a uma promoção, mesmo que não exista nenhuma”, argumenta o presidente do Ibevar. O InfoMoney já mostrou anteriormente estratégias como essa, que acionam gatilhos mentais, e levam os consumidores a gastarem mais (veja aqui).

Uma dica valiosa para aqueles que desejam saber o preço histórico de um determinado item durante a data, justamente para saber se o desconto é real, é checar sites e ferramentas online que ajudam a comparar preços de produtos na internet. Em outra reportagem recente, o InfoMoney compilou plataformas que podem ajudar o consumidor a monitorar ofertas e observar o histórico dos valores praticados no varejo brasileiro.

“Nossas decisões de compras são movidas por aspectos emocionais e racionais. A racionalidade requer um processo de decodificação das informações que leva mais tempo. É fundamental que o consumidor, antes de comprar, tenha acompanhado ou comparado esses preços, para verificar se há realmente uma promoção ou se não passa, simplesmente, de uma falsa redução, que remete ao preço normal do produto”, explica de Angelo.

Fábio Ramos, CEO da Axur, empresa brasileira de segurança digital, sugere que os consumidores sempre desconfiem de promoções que destoem muito dos preços praticados pelos concorrentes. “Suspeite de anúncios em massa recebidos via redes sociais ou SMS e, principalmente, desconfie muito se o desconto for bom demais. Aqui, vale aquela velha máxima: quando a esmola é demais, até o santo desconfia”, diz Ramos.

Ramos também recomenda que os consumidores estejam sempre atentos a ataques cibernéticos, já que a data é uma ótima oportunidade para criminosos digitais (saiba como se proteger de golpes digitais nessa Black Friday).