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Clínicas privadas negociam compra de 5 milhões de doses de vacina contra covid

5 de janeiro de 2021

A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) informou neste domingo, 3, que o setor negocia a compra de cinco milhões de doses da Covaxin, imunizante contra a covid-19 fabricado pela farmacêutica indiana Bharat Biotech. O produto obteve no sábado, 2, recomendação de uso emergencial na Índia, mas os dados sobre a sua eficácia ainda são desconhecidos.

A ABCVAC afirma que cinco milhões de doses devem vir ao mercado brasileiro até meados de março. Este calendário, porém, depende de certificações do produto no País. Para ser aplicada, a vacina deve ser registrada ou receber aval para uso emergencial no Brasil. A fabricante da vacina precisa pedir essas permissões à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Uma delegação da associação brasileira irá à Índia na próxima semana para discutir a compra da vacina. “A vacina, administrada em duas doses com intervalo de duas semanas entre elas, induziu um anticorpo neutralizante, provocando uma resposta imune e levando a resultados eficazes em todos os grupos de controle, sem eventos adversos graves relacionados a? vacina. Na última fase antes da liberação para uso emergencial, ela foi aplicada em 26 mil voluntários em 22 localidades da Índia”, afirma a ABCVAC. Os dados sobre os estudos finais da vacina ainda não foram publicados.

Em nota, a Bharat Biotech disse que iniciou procedimentos junto à Anvisa para “submissão contínua” dos resultados da vacina. Por este caminho, a farmacêutica deve apresentar os dados de suas pesquisas em etapas, mesmo antes de finalizar todos os estudos. A ideia é acelerar o processo de registro na Anvisa. Outros quatro laboratórios (AstraZeneca, Butantã, Janssen e Pfizer/BioNtech) também adotaram este procedimento.

A ABCVAC afirma que representa 70% do mercado brasileiro de clínicas de vacinação, com 200 associadas. “Inicialmente a notícia era a de que as clínicas privadas brasileiras não teriam doses disponíveis, porém, com a entrada desse novo player no mercado, tivemos a oportunidade de negociação”, afirmou Geraldo Barbosa, presidente da entidade, em nota.

A Covaxin pode ser armazenada sob temperatura de 2 a 8 graus, mesmo intervalo utilizado na rede de frios do SUS. “A previsão é a de que seja lançada no mercado em fevereiro de 2021, e a projeção é a de que sua validade contra a covid-19 seja de 24 meses”, afirmou a associação das clínicas privadas.

O caminho para aprovação do registro ou uso emergencial da Bharat Biotech exige uma série de análises da Anvisa. A agência pode pedir, por exemplo, certificações adicionais – com inspeção in loco – em fábricas que forneçam ingredientes das vacinas, além de comprovação de que os dados de eficácia seriam também observados na população brasileira. A Anvisa tem prazo de 60 dias para avaliar pedidos de registro de vacinas. O uso emergencial e temporário deve ser liberado ou não em dez dias, estima a agência.

A entidade brasileira afirma que o laboratório indiano também tem capacidade de atender o sistema público brasileiro. Há um memorando de entendimento não vinculante assinado entre o Ministério da Saúde e a farmacêutica.

A aposta do governo é a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca, que deve ser fabricada e distribuída no Brasil pela Fiocruz. Mas o governo Jair Bolsonaro assinou memorandos, que não obrigam a compra de doses, com a Pfizer/BioNTech, Janssen, Instituto Butantã (que produz a Coronavac, da chinesa Sinovac), Moderna e Instituto Gamaleya (que produz a Sputnik V). O ministério tem sido cobrado para fechar acordos com as fabricantes, mas afirma que esses negócios só serão concretizados depois que a Anvisa conceder registro aos imunizantes.