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Artesãos paraibanos recorrem ao digital como alternativa diante da pandemia

19 de março de 2021

Do litoral ao sertão do estado, o artesanato se faz presente e é uma das principais expressões culturais e artísticas na Paraíba. Assim como milhares de trabalhadores em todo o país, a categoria, que dependia do contato com clientes para efetivar vendas, se viu sofrendo com os efeitos econômicos decorrentes da pandemia da Covid-19 e, conforme a 10ª edição da pesquisa “Impacto da pandemia de coronavírus nos Pequenos Negócios”, realizada pelo Sebrae e FGV, as perdas no faturamento do setor aumentaram e atingiram 46%. No entanto, o digital foi a alternativa encontrada pelos artesãos para manter as vendas neste período.  

Conforme avaliação do diretor técnico do Sebrae Paraíba, Luiz Alberto Amorim, o artesanato paraibano tem se destacado no cenário nacional ao longo dos últimos 20 anos devido, principalmente, à qualidade do que é produzido. Neste sentido, ele afirma que o artesanato é a pura expressão da arte e cultura local e possui uma potencialidade enorme para ser, cada vez mais, explorada. Além disso, o diretor técnico do Sebrae lembra que, muito mais do que ser algo próprio da cultura de cada recanto deste estado, o artesanato possui, também, a bagagem tradicional e geracional, já que muitos artesãos aprendem seu ofício com avós e bisavós. 

“O Sebrae tem buscado se aproximar deste público para que as pedras brutas possam ser lapidadas. Estamos, também, nos aproximando do governo do estado com esse foco forte na promoção de salões do artesanato. Tivemos de mudar o formato neste ano por efeito da pandemia e os artesãos tiveram acesso ao ambiente de negócios digital. Tem sido uma experiência de muita troca de informações e aprendizado. O salão virtual inaugurou um novo tempo para o artesanato, que poderá ser trabalhado de forma mais sustentável”, enfatizou. Dentre as principais tipologias presentes no artesanato paraibano, o diretor técnico do Sebrae Paraíba destacou a renda renascença, o labirinto, madeira, cerâmica e metal.  

A gestora do Programa do Artesanato da Paraíba (PAP), Marielza Rodriguez, salientou que o artesão sofreu bastante devido à pandemia do coronavírus, mas que a estratégia de realizar um salão de artesanato virtual foi inovadora. “Além disso, foi eficiente para colocar o artesão em uma vitrine para o mundo inteiro. Antes, o artesão não tinha a visão da importância do digital para vender seus produtos, mas com a estratégia bem pensada e planejada, o salão está dando certo para divulgar o artesanato e aumentar as vendas dos artesãos neste tempo crítico”, explicou. 

“Artesanato dá satisfação” – A artesã Rosângela da Rocha Pedro, mais conhecida como Rosa Flor, trabalha com o patchwork desde 2001, quando saiu do Rio de Janeiro, onde era professora de Artes, para morar no Nordeste. No entanto, a tipologia não lhe era estranha: neta de costureiras, Rosângela já sabia unir tecidos e retalhos. A artesã contou que começou a ensinar sua arte e, durante suas experiências, percebeu que o artesanato une pessoas. “O artesanato tem um significado especial na vida das pessoas. Pode ser terapêutico, resgatar histórias da infância ou ser uma atividade social. Mas, mesmo para quem usa o artesanato para gerar renda, vejo satisfação e prazer. O artesanato não tem a conotação da imposição do trabalho”, afirmou. 

Além de ter feito exposições de patchwork, por meio do festival Quilt Nordeste, a artesã expôs seus trabalhos em diversos locais pela cidade e, atualmente, participa do Salão do Artesanato Paraibano, pela primeira vez realizado no formato 100% digital. “Hoje faz um ano que adotei o distanciamento social, mas continuo trabalhando porque tenho alunas por quem me sinto responsável. O salão virtual tem sido um aprendizado porque não domino essa linguagem virtual, mas estou engatinhando. Comemorar o dia do artesão neste ano é ser grata pelo que o artesanato tem feito por cada um. Sou feliz em ser chamada de artesã”, frisou.  

Em alusão ao dia do artesão, comemorado nesta sexta-feira (19), quando se comemora, também, dia de São José, um grupo de profissionais, capitaneados por Rosângela, fará um vídeo em homenagem aos profissionais da saúde que estão na linha de frente no combate à Covid-19. “Eles não podem ficar em casa, mas nós podemos. Então, somos gratas a eles que lutam pela vida das pessoas”, afirmou.  

Pandemia muda cenário – Ao longo do avanço da pandemia da Covid-19 no país, os empreendedores que vivem do artesanato têm se esforçado para manter os negócios e não desanimar diante da crise. Confira, abaixo, algumas dicas para manter um negócio artesanal e enfrentar a pandemia: 

1.Fique atento às necessidades dos seus clientes 

Aproveite o momento para descobrir e pensar soluções úteis para o dia a dia do seu cliente. Lembre-se que muitos hábitos estão mudando neste período de pandemia e que as pessoas vão precisar de produtos práticos, desde um suporte para sapatos a recipientes para guardar alimentos de forma segura. Com criatividade e alguns insumos podem surgir novas ideias. Observe seu cotidiano e pergunte às pessoas com quem tem contato quais as dificuldades que elas têm enfrentado e como você poderia contribuir com um artefato útil ou um adorno que inspire coisas boas neste momento de confinamento. 

2.Busque fazer parcerias “casadas” 

Procure estabelecer parcerias para a venda casada com outros produtos de empreendedores de sua região ou até mesmo com rede de lojas conhecidas na área de decoração ou cama, mesa e banho, por exemplo. Para isso, mostre que o seu produto pode agregar valor àmarca que valoriza a produção artesanal, seja como forma de fidelizar clientes com mimos e presentinhos que podem ser produzidos especialmente para os clientes do parceiro. Você também pode sugerir a criação de um display exclusivo para produtos artesanais dentro de lojas parceiras. 

3.Se posicione nas redes sociais com um negócio  

Não misture seu perfil pessoal com o perfil do seu negócio. Apesar da humanização das marcas estar em alta, saiba valorizar o seu produto de forma profissional, destacando aspectos que o diferenciem dos outros, encantando e mostrando a riqueza do seu ofício. Por outro lado, não deixe seu cliente sem resposta e não negocie uma entrega que não terá capacidade produtiva para cumprir. O Sebrae oferece diversos cursos online gratuitos para os empreendedores dominarem as ferramentas de venda online. Conheça mais no endereço: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/cursosonline  

4.Seja a vitrine do seu negócio  

Todo empreendedor que se preza deve ter orgulho do seu negócio e você, como artesão ou artesã, deve fazer o mesmo. Se você faz acessórios, aproveite para usá-lo e não perca oportunidades de mostrar o seu talento. O processo de venda exige o encantamento dos seus clientes. Também incentive que seus clientes mais fiéis se mostrem nas redes sociais com seus produtos para atrair o interesse de outras pessoas.