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Especialista alerta para a importância da conscientização do uso de medicamentos e o perigo de criar superbactérias

Exigência de prescrição médica para venda de antibióticos tem surtido efeito na redução da automedicação e surgimento de micro-organismos resistentes

15 de setembro de 2021

O mau uso de antibióticos pode trazer problemas para a saúde e gerar bactérias mais resistentes a qualquer tratamento – as chamadas superbactérias. Devido a isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, em 2010, a venda desses medicamentos sem prescrição médica para a população em geral.

Segundo o infectologista Francisco Bernardino, médico cooperado da Unimed João Pessoa, essa medida foi efetiva e, atualmente, o surgimento de micro-organismos resistentes aos antibióticos acontece com menos frequência de forma comunitária. Ele explica que os processos biológicos ocorrem todos os dias nas inúmeras populações de bactérias. Quando se utiliza um antibiótico de largo espectro, ele irá destruir as que são sensíveis, mas vai permitir a emergência de outras que tenham resistência. “Esse critério permite a seleção de bactérias que expressam mecanismos de resistência cada vez mais elaborados”, explica Francisco Bernardino.

Ambiente hospitalar – Com as restrições do uso comum, o ambiente hospitalar passa a ser o local com maior probabilidade de surgirem esses micro-organismos. O médico ressalta a necessidade de existirem comissões de controle de infecções, para fazer o gerenciamento da prescrição de medicamentos. “Isso funciona no Alberto Urquiza Wanderley, que é um hospital de ponta da Unimed João Pessoa. O gerenciamento ajuda a escolher a forma adequada e melhor tratamento para determinada infecção. Isso evita a prescrição de antibióticos de largo espectro para infecções que podem ser tratadas com medicamentos de uso comum”, esclarece.

O gerenciamento é feito pelo controle de infecção com ajuda da farmácia clínica e do laboratório de microbiologia, que, a partir do resultado de culturas, informa quais bactérias estão circulando e quais as melhores formas para tratá-las. “É necessário manter as comissões de controle funcionando adequadamente, de preferência com médicos infectologistas, que são ‘experts’ na área, e incentivar cada vez mais as medidas gerais de precaução, como higienização das mãos e uso de avental, dentro do ambiente hospitalar”, reforça.